quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

Animal Collective - Sung Tongs

Apreciação final: 8/10
Edição: Junho 2004
Género: Rock Indie/Experimental



O projecto nova-iorquino Animal Collective é um devaneio de David Porter (apresentado como Awey Tare) e Noah Lennox (nickname: Panda Bear) e explora uma invulgar intersecção entre o folk americano e texturas ambientais, com um psicadelismo retorcido e melodias escuras. Sung Tongs foi um dos trabalhos mais elogiados de 2004, resgatando o grupo do quase-anonimato a que estava votado, apesar do êxito de Here Comes The Indian (2003).

A primeira ideia a reter deste Sung Tongs é o imediatismo acrescido das faixas, bastante mais acessíveis do que as do seu anterior trabalho, sem no entanto perderem o efeito surpresa a que o duo nos habituou, pela invenção de faixas únicas, extravagantes e criativas, com uma dose proporcional de uma euforia que se confunde com ingenuidade. Não se trata de inexperiência ou inabilidade dos Animal Collective, apenas da assunção ciente de uma candura pueril, tão libertina quanto inconsciente, na criação das canções; o resultado chama-se Sung Tongs, é estreme, é encantador e propõe um desígnio que tem tanto de inverosímil quanto de raro: fazer da mais primária música, uma peça intemporal. Se é verdade que os Animal Collective soam mais melodiosos aqui, não o é menos que Sung Tongs está submerso num caos deliciosamente organizado de águas imiscíveis que se misturam, afinal apenas um secreto ponto de encontro para danças de celebração e epifânias momentâneas.

É verdade que o disco pode parecer, para os menos identificados com os Animal Collective, uma visão exageradamente vanguardista de uma improvável fusão entre os Beatles e Simon & Garfunkel. Para os outros, Sung Tongs é único, um idílico poiso de sonho, uma viagem catártica à criança dentro de cada um de nós.

Posto de escutaBarnes & Noble

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