Recentemente editado em DVD, Tróia é uma adaptação da história épica da Guerra de Tróia, descrita por Homero na Ilíada. O ano é 1193 A.C.. O príncipe troiano Páris (Orlando Bloom) mantém um relação secreta com Helena (Diane Kruger), rainha de Esparta, casada com Menelaus (Brendan Gleeson). A descoberta da afronta adúltera à civilização grega conduz ao conflito, os gregos invadem a cidade troiana. Aquiles (Brad Pitt), o maior e mais sangrento guerreiro, era o herói dos gregos. Heitor (Eric Bana), o filho de Príamo (rei de Tróia) e irmão de Páris, era o símbolo da pertinácia troiana contra a invasão grega.
A sumptuosidade da história merecia um filme melhor, uma obra mais imponente, capaz de render à obra de Homero a homenagem mais ajustada. O argumento deste Tróia é um embuste, desfaz a beleza ímpar do relato de Homero. A maior falha: a quase-preterição dos Deuses. Como pode isso fazer-se num filme sobre a Grécia Antiga? A vida dos gregos (dos troianos também) gravita, na obra de Homero, em torno da determinante influência dos Deuses, da venerada adoração dos crentes pelos entes divinos. Com esta omissão perdeu-se o elemento poético da história, o ingrediente supremo da grandiosidade da obra. Como se não bastasse, são numerosas as imprecisões e os desvios em relação ao texto original, quase sempre para pior.
A realização do alemão Wolfgang Petersen é insipiente, incapaz de "agarrar" as cenas mais importantes do filme e delas criar momentos intensos. O desembarque dos gregos, com a sua gigantesca armada, as próprias sequências da batalha, são reduzidas a pequenas perspectivas, a ângulos desajustados, corrompe-se a magia que se impunha. A fita acaba por ser uma oportunidade perdida para o realizador alemão. É certo que nem tudo é mau, Bana tem um bom desempenho, Pitt também, mas isso não chega para fazer deste filme aquilo que ele deveria ter sido.
A expectativa era grande, a desilusão é bem maior. Fica por fazer "o" filme sobre a Guerra de Tróia. O génio de Homero deve estar a revirar-se no túmulo.
1 comentário:
TRÓIA
Á primeira vista mais parece um filme rodado sobre um punhado de areia, numa praia a perder de vista, uns heróis helénicos que falam muito bem a língua de Shakspeare, uma americanisse pegada onde os bons são mais rápidos que as flechas e os fracos, por muito grandes e maus que sejam, caiem como tordos quando toca a corneta da guerra.
Mas não, sem ser um filme que ficará nos anais da nossa memória, é com certeza um épico que vale a pena ver.
Para os que gostam de filmes de acção, vulgo guerra, têm ali uns quantos minutos de encher o olho.
Para os que gostam de história, este filme faz despertar o apetite e a curiosidade sobre a Ilíada de Homero (para os saxónicos porque para os latinos é Omero mesmo), e dá mesmo vontade de pegar no livro e começar a lê-lo, e para ontem!
Infelizmente o filme fica, obviamente, muito aquém desse grande épico. Existem algumas referências históricas duvidosas, sendo que o resultado final está mais ou menos correcto, mas a principal insuficiência é mesmo o enredo do livro, a riqueza das suas personagens, da filosofia e da religião antigas.
O filme torna-se por isso, demasiado redutor.
Porém vale bem a pena principalmente para aquela 3.ª categoria de cinéfilos, aqueles que gostam do tema Amor.
A Ilíada é um hino ao Amor. O Amor tudo pode. È capaz dos maiores ódios, dos maiores despeitos, das maiores frustrações mas também dos maiores feitos, capaz inclusive de fazer mudar o maior dos guerreiros bem como o curso da própria história.
Pelo Amor se muda o destino, pelo Amor se constrói o fio da vida!
Omero mata e morre por Amor e disso o filme é um excelente retrato. Como ninguém, tece uma teia de intrigas e de enredos onde abundam os conflitos de sentimentos e valores e claro, onde está sempre presente a tragédia e a vingança. A famosa tragédia grega...
A alusão constante aos Deuses que norteavam a vida dos antigos, as premonições, os sonhos e até as criticas mordazes de um visionário do seu tempo, para aqueles que nada faziam sem o assentimento da estátua do Deus Apolo. Muito actual por sinal!...
Meus amigos, a não perder e a banda sonora até ajuda.
E já agora, antes de começarem a ver o filme, treinem a ler umas quantas linhas bem depressa, porque o enquadramento histórico feito no inicio voa...como Aquiles!
Eugénio Rodrigues
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