Depois de ser promovido ao estrelato com From Every Sphere, o ex-líder dos extintos Snug regressou este ano, com novo álbum de originais. Se aquele trabalho tinha consagrado um género musical multi-instrumental de indie-pop madura, este Strangers dá continuidade a essa configuração, alastrando-a em doze canções de nível seguro. O disco manifesta uma linha exímia de criatividade, com espaço para faixas tão desiguais quanto autênticas, cada qual com um intento peculiar, feito de composições altivas, de som limpo e acolhedor, trazendo o talento de Ed Harcourt a degraus superiores.
Falar de Ed Harcourt é mencionar um dos melhores compositores do nosso tempo. Esse estatuto deriva directamente das canções simples mas brilhantes, com influências de Nick Drake, Tom Waits, Ryan Adams, aqui e ali Neil Young ou Radiohead, e um cunho pessoal original. Da lista de ingredientes do registo constam guitarras inspiradas, pianos q.b., batidas que serenamente se fazem convidadas e o virtuosismo de um compositor adulto, capaz de fundir a intimidade das suas letras com uma ambiência rock gentilmente construída. Adoro "Something To Live For" (Tom Waits deve apreciá-la), "Strangers", "Born In The 70's", "Trapdoor" e "The Music Box".
Strangers é a cabal demonstração de um engenho genuíno, um tomo consistente de grandes canções, suficientemente versáteis para ornarem este título com a justa distinção de um dos melhores do ano.
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