segunda-feira, 29 de novembro de 2004

Jorge Palma - Norte

Apreciação final: 6/10
Edição: Novembro 2004


Três anos depois do lançamento do último trabalho de originais, Jorge Palma está de regresso. Norte é um disco versátil, mostra um Jorge Palma desdobrado em diversos estilos musicais, colhendo influências da pop, do jazz e mesmo dos blues.

Goste-se ou não, um novo disco de Palma é sempre um momento especial na música nacional, não fosse ele um dos seus principais dinamizadores, com letras irónicas e acutilantes e composições musicais elaboradas e atraentes. Neste trabalho, Jorge Palma parece à procura de novos trilhos para percorrer, de bússola na mão, buscando o Norte no horizonte; a liberdade criativa de Jorge Palma atinge níveis elevados, sem pretensões, o disco assume uma frontal demissão do crivo da crítica, a sua fronteira apenas uma : a música. Ao longo de treze faixas (mais duas escondidas "com rabo de fora", como Palma lhes gosta de chamar) produzidas por Mário Barreiros, o formato a la Jorge Palma é perfeitamente identificável, o piano é o pano de fundo, aceitando a companhia de outras instrumentalizações subtis, sejam elas cordas ou sopros. Ainda assim, não deixa de se instalar algum desapontamento...as canções são boas, mas não tão boas assim! O desfile dos temas do disco assemelha-se a uma lista de promessas por cumprir, a frases sem o remate final. Em tempos idos, ao corpo da música, Palma juntava uma alma própria. Neste Norte as canções mantêm as curvas sedutoras, ostentam-se vaidosamente, mas preguiçam, vagas e sem rumo.

Norte é um teste. Ouvi-lo é perceber os caminhos errantes de Palma. E perceber que para alguém como Jorge Palma o Norte não estava por descobrir, procurá-lo de novo é um desnorte.

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