O projecto A Perfect Circle derivou da experiência conjunta de James Maynard Keenan e Billy Howerdel nos Tool. Se estes marcaram os anos 90 com o seu art-rock único, bordado pela desconstrução dos temas, sem um tecido rígido, os A Perfect Circle registam uma fórmula diferente, embora com idênticas regras de composição. Ainda assim, as canções são mais precisas e na estrutura tradicional de verso-refrão-verso-refrão, o que não acontece nos registos dos Tool.
Este Emotive é um disco de versões, uma colheita de temas de protesto político travestidos pelo formato dos A Perfect Circle. E aqui reside o problema essencial do disco, uma vez que as faixas eleitas têm origens dissímeis do grupo de Keenan. Disso resulta o facto de que as doze canções do alinhamento são praticamente irreconhecíveis, não fossem por demais conhecidas as versões originais. A título de exemplo, o tema "Imagine", de John Lennon, toma aqui uma afinação lúgubre, num tom funéreo, desajustado do fito primaz da canção.Também a famosa "What's Going On", de Marvin Gaye, é transfigurada num psicadélico exercício de puro rock industrial. As faixas mais aceitáveis são "When The Levee Breaks" (Led Zeppelin) e "Fiddle And The Drum" (Joni Mitchell). Uma nota para mencionar a presença de dois originais, "Passive" e "Counting Bodies Like Sheep To The Rhythm Of War Drums" (uma fusão de Pink Floyd com Marilyn Manson - interessante!).
Emotive é definitivamente um retrocesso no percurso dos A Perfect Circle, apesar da honestidade da proposta. O trabalho pode revelar-se curioso, para quem deseja apreciar a agilidade das covers, mas é um produto musical secundário.
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