O conceito Mola Dudle é a prova mais evidente de que em Portugal também há música descaradamente livre, lesta a agarrar a experimentação e a originalidade, a fazer delas a arma de arremesso contra a opressão do mainstream. O grupo foi originalmente formado por Nanu e Miguel Cabral. Em Mobília, o seu registo anterior, a dupla tinha ousado fazer música a partir de panelas, água, televisores, atendedores de chamadas, estores, armários e outros artefactos, produzindo um registo fora do vulgar e aliciante.
Neste trabalho, os Mola Dudle prosseguem na via da inovação, na descontracção criativa, no recurso à electrónica, aos loops, na incursão às sonoridades estranhas e na assunção de vocalizações propositadamente dissonantes e elásticas. Mas a dupla não está sozinha, recruta o precioso ajutório de Manuela Azevedo (Clã), Armando Teixeira (Balla, Bullet e Bizarra Locomotiva), Nuno Rebelo (Mler If Dada) e do produtor Mário Barreiros. Com esta ajuda, os Mola Dudle dão um passo em frente, desmancham a fórmula dos simulacros de canções do trabalho anterior e produzem doze canções íntegras, evocando os tempos perdidos dos loucos anos 20, dos primeiros dias da rádio, do culto do espectáculo, do glamour da moda, do cinema e do cabaret.
O projecto Mola Dudle é uma lufada de ar fresco no panorama da música nacional e é digno de os mais justos elogios. O Futuro Só Se Diz Em Particular é uma reflexão que não merece ser ignorada.
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