O percurso das inglesas Electrelane, com um quarteto de álbuns no histórico, é prova plausível de que não é preciso ser-se um artífice com competência técnica superlativa para merecer a atenção do orbe melómano. Escrutinada sob um ponto de vista meramente técnico, a obra das quatro raparigas de Brighton desvenda, aqui e ali, algumas minudências de tosca execução instrumental e isso é, como nos tomos anteriores, particularmente sensível neste No Shouts, No Calls. Não obstante o inevitável embaraço estrutural que tal facto projecta nas composições, sobrando a sensação de que, de certa forma as Electrelane ainda andam a apalpar terreno à procura de poiso estável, a verdade é que é precisamente essa rusticidade uma das mais-valias do quarteto e um dos seus traços identitários mais proveitosos. Ao mesmo tempo, neste quarto trabalho, as meninas devolvem-se ao formato pop mais convencional (sem renunciarem à luminária decisiva do krautrock), resgatando uma presença (muito) mais efectiva da voz de Verity Susman (em comparação com o laboratório de sons de Axes) e, sobretudo, usando o experimentalismo e abstracção apenas como matéria colateral (mais sentida na segunda metade do disco). Nesse sentido, No Shouts, No Calls é um dos mais acessíveis exercícios das Electrelane mas, ainda assim, mesmo dando provas de uma delimitação mais concreta da estética predilecta do quarteto, não passa despercebida a inconsistência de uma escrita capaz de produzir momentos altos ("The Greater Times" ou a instrumental "Tram 21") e de, com a mesma presteza, resvalar para a vulgaridade.
quinta-feira, 10 de maio de 2007
Electrelane - No Shouts, No Calls
O percurso das inglesas Electrelane, com um quarteto de álbuns no histórico, é prova plausível de que não é preciso ser-se um artífice com competência técnica superlativa para merecer a atenção do orbe melómano. Escrutinada sob um ponto de vista meramente técnico, a obra das quatro raparigas de Brighton desvenda, aqui e ali, algumas minudências de tosca execução instrumental e isso é, como nos tomos anteriores, particularmente sensível neste No Shouts, No Calls. Não obstante o inevitável embaraço estrutural que tal facto projecta nas composições, sobrando a sensação de que, de certa forma as Electrelane ainda andam a apalpar terreno à procura de poiso estável, a verdade é que é precisamente essa rusticidade uma das mais-valias do quarteto e um dos seus traços identitários mais proveitosos. Ao mesmo tempo, neste quarto trabalho, as meninas devolvem-se ao formato pop mais convencional (sem renunciarem à luminária decisiva do krautrock), resgatando uma presença (muito) mais efectiva da voz de Verity Susman (em comparação com o laboratório de sons de Axes) e, sobretudo, usando o experimentalismo e abstracção apenas como matéria colateral (mais sentida na segunda metade do disco). Nesse sentido, No Shouts, No Calls é um dos mais acessíveis exercícios das Electrelane mas, ainda assim, mesmo dando provas de uma delimitação mais concreta da estética predilecta do quarteto, não passa despercebida a inconsistência de uma escrita capaz de produzir momentos altos ("The Greater Times" ou a instrumental "Tram 21") e de, com a mesma presteza, resvalar para a vulgaridade.
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