Apreciação final: 7/10
Edição: Too Pure, Maio 2005
Género: Pós-Rock/Indie Rock/Rock Experimental
Edição: Too Pure, Maio 2005
Género: Pós-Rock/Indie Rock/Rock Experimental
Elas são quatro raparigas de Brighton, juntaram-se em 1998 e saltaram para a ribalta com o luminoso The Power Out (2004), um álbum que sublinhava o seu conceito sonoro de caos arrumado, embora num registo substancialmente mais pop do que o primeiro disco. Axes, o terceiro trabalho das Electrelane, marca uma reaproximação à matriz de quase-improviso, pontuada essencialmente pelas extensas composições instrumentais e esparsas aparições das vozes. A proposta subjacente à música das Electrelane capta a força motriz das teclas, as mais das vezes do piano, e usa-a como fio condutor do disco. Nesse tom, o ensemble inglês afirma-se destemidamente como uma das sumidades do pós-rock instrumental, capaz de gerar sinergias imparáveis e harmonias de excepção e de, com semelhante valimento, integrar o improviso e a melodia apelativa. Todavia, em Axes esse balanço não tem equilibrío: a banda esticou a ventura do improviso, prescindindo da deliciosa fusão com a pop que tão bem havia feito no disco anterior. Também por isso, o som é um pouco mais negro, tem feições mais opacas sem melindrar a assinatura costumeira do grupo. A complexidade da escrita evoca cenários auditivos variegados e reclama um imaginário consistente de mistério, mesmerismo e catarse. E isso as Electrelane fazem como poucos.
Axes é um mundo imaterial de divagações sem bússola pela intemporalidade da música. Cativante e desafiador, especialmente no último quarto do alinhamento, o disco apenas é penalizado pelo cotejo com o seu antecessor. Da comparação, sobressai o laconismo de Axes que disfarça o paradoxo de uma certa dispersão criativa com um incómodo formulismo. Sintomas de conformismo? Ainda assim, o disco é viciante e, não sendo o passo em frente que se esperava, merece encómios largos e vem provar que a corrente criativa das Electrelane segue no leito certo. Mas produz uma objecção inquietante: qual é a excepção e qual faz regra na idiossincrasia do grupo - a eminência criativa de The Power Out ou a indagação suavemente excêntrica de Axes? Independentemente disso, Axes simboliza o hábil bosquejar de uma banda à procura do magno produto artístico. E as Electrelane estão lá perto.
2 comentários:
Tanta gente a elogiar, aguça a curiosidade.
Parabéns pelo blog!
Acho que estou neste momento a decidir que a banda sonora dos meus dias devia alternar entre eight steps e suitcase. putz
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