Embora nunca tenham realmente sumido de cena - o que terá obrigado J. Mascis (guitarra e voz), Murph (bateria) e Lou Barlow (baixo) a uma difícil ginástica mental de resistência a inúmeras agitações "internas" - a reputação dos Dinosaur Jr. junto das gerações mais juvenis não faz justiça aos préstimos de um trio que, durante a segunda metade da década de 80, desempenhou um papel decisivo na reconversão da estética punk e escancarou portas para a eclosão do movimento grunge. De então para cá, por acção da insaciável urgência editorial em construir novos símbolos ou em razão de um punhado de álbuns menos inspirados, os Dinosaur Jr. foram empurrados, pelo mesmíssimo orbe que sacralizou o (muito rentável) simbolismo de Kurt Cobain como porta-bandeira de uma geração que muito lhes deve, para uma imerecida marginalização. Beyond chega aos escaparates depois do prolongado silêncio de uma década sem edições e merece duas leituras. Se o escutarmos como mero produto da cena rock contemporânea, o álbum revela-se um óptimo exercício de redenção do rock'n'roll puro e insuspeito, em resposta às incontáveis derivações recentes de nostalgia do imaginário rock setentista ou oitentista. Ao invés disso, se o acolhermos como declaração de três estetas maduros, sem dívidas temporais e perseverantes na defesa de um estilo que, tendo passado de moda, não é um género "morto", depressa se percebe a injustiça que foi termos esquecido que estes dinossauros quarentões não pereceram na era jurássica e estão aí para as curvas. Rock musculado e de compêndio.
sexta-feira, 4 de maio de 2007
Dinosaur Jr. - Beyond
Embora nunca tenham realmente sumido de cena - o que terá obrigado J. Mascis (guitarra e voz), Murph (bateria) e Lou Barlow (baixo) a uma difícil ginástica mental de resistência a inúmeras agitações "internas" - a reputação dos Dinosaur Jr. junto das gerações mais juvenis não faz justiça aos préstimos de um trio que, durante a segunda metade da década de 80, desempenhou um papel decisivo na reconversão da estética punk e escancarou portas para a eclosão do movimento grunge. De então para cá, por acção da insaciável urgência editorial em construir novos símbolos ou em razão de um punhado de álbuns menos inspirados, os Dinosaur Jr. foram empurrados, pelo mesmíssimo orbe que sacralizou o (muito rentável) simbolismo de Kurt Cobain como porta-bandeira de uma geração que muito lhes deve, para uma imerecida marginalização. Beyond chega aos escaparates depois do prolongado silêncio de uma década sem edições e merece duas leituras. Se o escutarmos como mero produto da cena rock contemporânea, o álbum revela-se um óptimo exercício de redenção do rock'n'roll puro e insuspeito, em resposta às incontáveis derivações recentes de nostalgia do imaginário rock setentista ou oitentista. Ao invés disso, se o acolhermos como declaração de três estetas maduros, sem dívidas temporais e perseverantes na defesa de um estilo que, tendo passado de moda, não é um género "morto", depressa se percebe a injustiça que foi termos esquecido que estes dinossauros quarentões não pereceram na era jurássica e estão aí para as curvas. Rock musculado e de compêndio.
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