quarta-feira, 2 de maio de 2007

Black Rebel Motorcycle Club - Baby 81




Nada fazia prever que, depois do revés criativo que fora Howl em 2005, os Black Rebel Motorcycle Club fossem capazes de resgatar o melhor da sua essência rock. Se aquele trabalho mostrava uma estranha propensão para buscar uma espécie de álgebra espiritual - matéria improvável (quase indecifrável) para roqueiros de gema como estes californianos - baralhando a identidade do par de álbuns que os apresentaram ao universo rock, este Baby 81 dispensa a abordagem acústica do antecessor e retoma o discurso dominado pelas distorções. No fundo, Howl foi o resultado necessário e natural da purgação mental de Robert Levon Been e seus pares, depois do assalto mediático da comunidade alt rock, firmando o imprescindível exercício de equilibrismo emocional da banda e lavagem de ideias, antes da reconciliação com os princípios primários do seu som. Bonança antes da tempestade. Todavia, eles não se ficam apenas pela retoma estética; além do resgate das distorções, do feedback e até de algum psicadelismo - substância preciosa para a definição de uma identidade própria - trazem no bornal uma escrita de confiança renovada, com linguagens diversas (por vezes, um tanto desfocadas da concordância estrutural do disco) e, sobretudo, com o reajuste mais oportuno (o regresso do baterista Nick Jago foi uma ajuda...) das potencialidades criativas da banda. Mesmo sem aspirações revolucionárias, Baby 81 é exemplo paradigmático de que, por mais repercussões conjunturais que avancem sobre uma banda, a solução para um bom disco rock pode estar, ao invés de qualquer deriva pontual (ou tentativa de "crescimento"), no ponto de partida.

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