Não é notícia inesperada que, ao terceiro registo de um percurso incidente sobre as diversas dimensões ambientais da música, Matthew Cooper tenha decidido imprimir um impulso clássico às suas composições. Em boa verdade, a sua música, nunca perdendo o vínculo à muitas vezes desconsiderada família ambiental, sempre revelou um compositor com engenhos para outra profundidade, coisa que, de resto, ensaiou com resultado dúbio na experimentação drone etéreo de Talk Amongst the Trees (2005). Contudo, já aí se desvendava uma reconstrução das causas primárias do conceito Eluvium, bem além do clássico minimalismo do piano que mostrara no debute. Esse redimensionamento volta a ser uma premissa e é levado a efeito prescindindo das pontuais distorções do tomo anterior e, sobretudo, operando enlaces harmónicos próximos da faustosa erudição clássica, com cordas, teclados e sopros. Apesar da formatação instrumental mais ambiciosa, as composições não esquecem o afecto pelo minimal ("Radio Ballet" é modelo dessa gramática sonora) e pela dimensão plástica da música, erguendo plácidas construções de sons que interagem romanticamente com o espaço, em razão das preciosas desmarcações das ressonâncias e da lenta progressão cénica dos diversos instrumentos. O desfecho tem, em turva ambivalência, qualquer coisa de pastoral e de majestático, bem ao jeito dos costumes sónicos da sétima arte. E Copia confirma as credenciais de Cooper como um dos mais notáveis artesãos do género, dando asas à crisálida que se escondia nos opus prévios e que haverá de, prosseguindo a tendência de expansão consciente e esteticamente coerente, conjugar as atmosferas emocionais que aqui são aludidas num código ainda mais impressivo.
quinta-feira, 3 de maio de 2007
Eluvium - Copia
Não é notícia inesperada que, ao terceiro registo de um percurso incidente sobre as diversas dimensões ambientais da música, Matthew Cooper tenha decidido imprimir um impulso clássico às suas composições. Em boa verdade, a sua música, nunca perdendo o vínculo à muitas vezes desconsiderada família ambiental, sempre revelou um compositor com engenhos para outra profundidade, coisa que, de resto, ensaiou com resultado dúbio na experimentação drone etéreo de Talk Amongst the Trees (2005). Contudo, já aí se desvendava uma reconstrução das causas primárias do conceito Eluvium, bem além do clássico minimalismo do piano que mostrara no debute. Esse redimensionamento volta a ser uma premissa e é levado a efeito prescindindo das pontuais distorções do tomo anterior e, sobretudo, operando enlaces harmónicos próximos da faustosa erudição clássica, com cordas, teclados e sopros. Apesar da formatação instrumental mais ambiciosa, as composições não esquecem o afecto pelo minimal ("Radio Ballet" é modelo dessa gramática sonora) e pela dimensão plástica da música, erguendo plácidas construções de sons que interagem romanticamente com o espaço, em razão das preciosas desmarcações das ressonâncias e da lenta progressão cénica dos diversos instrumentos. O desfecho tem, em turva ambivalência, qualquer coisa de pastoral e de majestático, bem ao jeito dos costumes sónicos da sétima arte. E Copia confirma as credenciais de Cooper como um dos mais notáveis artesãos do género, dando asas à crisálida que se escondia nos opus prévios e que haverá de, prosseguindo a tendência de expansão consciente e esteticamente coerente, conjugar as atmosferas emocionais que aqui são aludidas num código ainda mais impressivo.
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