Neste livro, o escritor peruano recobra uma tradição da literatura da América Latina, a do romance sobre o despotismo, retratando a situação política da República Dominicana dos anos 60 e o conluio urdido para assassinar o tirano Rafael Trujillo, morto em 1961.
O inegável talento de Mário Vargas Llosa desponta a cada linha, a tensão está invariavelmente presente, as descrições são quase tangíveis e denunciam as motivações humanas dissimuladas por detrás dos factos históricos. Uma governação tenaz e implacável, apoiada pelos E.U.A., sob o presságio do espectro comunista, a viragem no amparo americano, a frustração política ulterior e a espiral de vexame e perseguição sobre os seus séquitos, foram as faces torpes do chibo, as caras da ditadura de Trujillo. Llosa propõe-nos o relato do último ciclo do regime, do decaimento derradeiro.
O romance converte-se num testemunho poderoso das contendas, das tensões, dos símbolos históricos - aqui expostos com minúcia e densidade psicológica - e arroga-se como um dos melhores livros deste autor. Mais do que uma reflexão política sobre o despotismo exacerbado e respectivas deformações sociais e históricas, trata-se de um exímio documento literário, merecedor de justos encómios, de um dos melhores escritores do nosso tempo.
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