Quem não conhece Polly Jean? Quem não se apaixonou pela lisura e crueza do seu tom? Reconhecida como uma das compositoras mais proeminentes do nosso tempo, aderindo às causas do amor, do sexo, da religião, com humor negro, probidade e uma dose irreverente de teatralismo e independência, isso é P.J. Harvey.
Este é o sétimo trabalho da cantora e corresponde a mais uma etapa na sua metamorfose artística. O som é mais agreste, mais negro, mais profundo e intenso. Sem dúvida, um disco de paixões.
As guitarras pautam os ritmos lentos e depressivos, a percussão é minimalista e a produção destaca a voz profética de P.J. Harvey, sempre em discurso directo, atirando-nos verdades à cara com escárnio. O disco é uma surpresa incessante, a cada passagem de faixa o despertar para uma realidade díspar, numa dinâmica inspirada e criativa. P.J. está tão viva que quase se sente a sua pulsação na voz, na alma arrebatadora que deposita na guitarra.
Uh Huh Her vence-nos do primeiro ao último segundo. Não temos tempo para respirar, debitam-se protestos e declarações a um ritmo de moenda, arrasando os mais resistentes, masturbando-lhes a mente numa tortura suave, em preliminares onanistas que atraem um orgasmo portentoso. Polly Jean é isso mesmo. Uma violenta cortesia sexy que nos enraivece, primeiro, e nos comove brutalmente, depois, em assomos de delirante prazer. Uh Huh Her é quase perfeito.
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