Falar de J.J. Cale é discursar sobre blues e folk. As raízes poeirentas da música tradicional americana prendem a música de J.J. a um formato que o trovador não rejeita, antes abraça com solenidade e acolhe com mestria. Na sua primeira gravação em oito anos, a espinha dorsal mantém-se e acresce-lhe o contributo vanguardista da tecnologia. Os sintetizadores, as batidas artificiais e o recurso a instrumentos pouco presentes na carreira de J.J. Cale são exactamente o problema deste disco, parecem desunidos da voz do autor, dos sons esparsos da sua StratoCaster e da feição das canções. Todavia, os prejuízos não são insupríveis, o toque de Cale está presente, distingue-se das falhas do disco e sobressai, com esforço, para detecção do ouvido mais sagaz. As melhores faixas do disco, que traduzem a doutrina indelével de J.J., são as que mereceram menos produção, como "Stone River" ou "My Gal".
O registo é despretensioso e versátil, mas não é o melhor trabalho de Jean Jacques Cale. Quem se lembra de "Cocaine" e "After Midnight", canções que Eric Clapton trouxe à glória, não ficará saciado com este disco. Mas também não se arrependerá de o escutar. Ouvindo To Tulsa And Back percebe-se o porquê de J.J. Cale, apesar de se manter resguardado na silhueta de Clapton ou Knopfler, lhes servir de inspiração há mais de 30 anos.
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