Björk está de regresso. Só esta frase seria bastante para motivar sobressaltos inopinados à inumerável legião de sequazes da cantora islandesa. O percurso da cantora fala por si, o inconformismo e a incessante superação de si mesma são a meta. Neste trabalho, a produção é absolutamente faustosa, mesmo arrebatada, centrada na voz da cantora islandesa. Nada aqui é pautado pelo mainstream, o álbum é maioritariamente composto por vocalizações, arrastando Björk para exigências não antes previstas. O instrumento primaz é a voz, Björk maneja-a habilmente, tentando docemente o ouvinte de Medúlla, mostrando-lhe a medula da canção, o tutano cândido da música, a voz.
Por entre os catorze temas do disco, existem alguns cantados em islandês, um idioma que encaixa na feição musical de Björk e no conceito basilar de Medúlla. A lista de convidados é de luxo e inclui Mike Patton e Robert Wyatt, os programadores Matmos, Mark Bell e Mark Stent, e os beatboxers Rahzel e Dokaka.
Este é o disco mais intimo da cantora islandesa, o seu brado doce, cálido e sensual viola-nos os tímpanos com uma pujança inata, espia as fraquezas da mente e reduz-nos ao encargo ambivalente de reclusos livres. Não é um disco imediato, o seu enlevo reside na descoberta da musicalidade intáctil da voz, na essência estreme do canto, no perfume do éter extasiante de Björk.
2 comentários:
Bravo, bravo... (agora de pé) bravo, bravíssimo. Gostei muito: do blog, da tua habilidade literária e deste artigo sobre o último album da diva islandesa. Parabéns.
Bravo, bravo... (agorade pé) bravo, bravíssimo. Gostei muito: do blog, da tua habilidade literária e deste artigo sobre o último album da diva islandesa. Parabéns.
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