Depois de integrar o Quarteto Jobim - Morelenbaum e, mais recentemente, o trio Morelenbaum/Sakamoto, a cantora brasileira Paula Morelenbaum apresenta o seu mais recente trabalho, inteiramente dedicado à obra de Vinicius de Moraes, convertida aqui à concepção musical contemporânea. Trata-se do segundo trabalho a solo de Paula Morelenbaum e vem comprovar, se é que havia dúvidas, que a cantora é uma das principais embaixadoras da nova MPB e da Bossa Nova. Neste disco, Paula conta com a colaboração do pianista António Pinto, aclamado pelas bandas sonoras de "A Cidade de Deus" e "Central do Brasl" e, entre outros, dos Bossacucanova.
O renovado tempero conferido a músicas tão ilustres, dá-lhes um frescor original e um novo viço, num tributo moderno que merecem. A linha de sonho faz-nos recordar Bebel Gilberto e a voz doce de Paula, conjugada com o seu invulgar talento, produzem um notável registo, de fusão do acústico intimista e solitário da Bossa Nova com a electrónica do lounge vanguardista. O alinhamento contempla os grandes clássicos de Vinicius, como "Tomara" e "Medo de Amar" (Vinicius), "Insensatez" (Vinicius/Jobim), "Berimbau" (Vinicius/B. Powell), "Desalento" (Vinicius/C. Buarque) e "Primavera" (C. Lyra). Destaco especialmente a versão de "Canto de Ossanha", com uma cadência inquieta e que, sem melindrar a genialidade do tema, o moderniza com a erudição de uma produção atilada.
É impossível ficar indiferente a Berimbaum, os seus ritmos entusiásticos que pontuam a recordação de grandes canções, transportam-nos a joviais ambientes de relaxe e prazer sensório. Totalmente recomendável, é claro...
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