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Salvador Dali é um dos meus pintores preferidos. A insana perfeição dos seus quadros, a alusão ao sonhos e às utopias tocam-me particularmente. Este A Persistência Da Memória é inconfundível. Relógios sólidos amolecem e tornam-se frágeis, representam a decadência do tempo, outro relógio, este de ouro, atrai formigas, imagem corrente da decadência na obra de Dali, compondo uma ilusão paralizante do olhar, uma encenação da confusão para o descrédito completo da realidade, afinal, o objecto último do surrealismo. Mas a realidade também está presente: os penhascos amarelados ao fundo do quadro representam, supostamente, a costa da sua terra natal, a Catalunha.
Esta pintura é deliciosamente louca. Como o próprio Dali uma vez afirmou, "a diferença entre mim e um louco é que eu não sou louco".
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