O convívio de Ben Harper com os Blind Boys of Alabama tem já alguns anos e foi marcado pela participação mútua em concertos e digressões. Em Agosto de 2004, o músico aceitou o convite para se juntar aos Blind Boys num conjunto de sessões de gravação, com a ideia de editar um disco. O material granjeado em duas prolíficas reuniões partiu de vários originais de Harper, aos quais se juntou o contributo precioso dos Blind Boys. A espontaneidade dessa fusão é trasladada no disco com mister, a empatia é audível. À inconfundível assinatura de Ben Harper, bordada em porções iguais pelo soul e pelo funk, acrescenta-se a espiritualidade vocalizada do gospel, ofertada pelos BBA. Os ingredientes são infalíveis, a receita é segura e os intérpretes são perfeitos. O disco é um desfile honroso de temas congruentes, probos, inatos, sem corantes nem aromatizantes.
O desempenho vocal de Harper é dos melhores da sua carreira, escoltado pela sensibilidade dos Blind Boys. Uma nota para referir a generosa versão de "Well, Well, Well" de Bob Dylan.
O som artesanal de Harper e o virtuosismo vocal dos Blind Boys of Alabama fabricam um registo harmonioso, espontâneo e ingénito, cuja honestidade musical convence os auditores mais impertinentes e não consente a indiferença. A produção do álbum é cristalina. Harper escreveu o tributo que os Blind Boys já tinham feito por merecer.
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