sábado, 13 de outubro de 2007

Radiohead - In Rainbows

6/10
Edição Digital Online
2007
www.inrainbows.com



Embora o disco só chegue fisicamente até nós na primeira semana de Dezembro, a versão "cibernética" do sétimo álbum dos Radiohead foi disponibilizada pela banda e já permite uma primeira apreciação daquele que será o núcleo duro da edição final. Por ora, uma dezena de canções - grande parte delas já conhecidas (pelo menos num estado mais ou menos embrionário) daqueles que acompanham de perto o percurso dos Radiohead ao vivo - acabam por mostrar o colectivo britânico mais à procura de dar outra exposição a algumas composições que têm acompanhado o seu percurso do que propriamente a dar-nos material "original". Claro que In Rainbows não deixa de ser um disco dos Radiohead e, nesse sentido, seria sempre um acontecimento relevante, em função da rendição generalizada da crítica a Thom Yorke e seus pares, especialmente depois da criação de verdadeiros monumentos do rock alternativo contemporâneo (casos de OK Computer, de 1997, ou Kid A, de 2000). Falta saber se o álbum está à altura dessa responsabilidade.

Marcado por uma aparente discordância estética entre as peças - coisa mais ou menos recorrente na discografia dos Radiohead - In Rainbows é , também por isso, um álbum que apetece desfiar até ao mais pequeno detalhe. Nesse particular, embora esta recolha de canções acabe por encaixar no incómodo (e injusto) protagonismo inferior de gravação de B-sides, não foram negligenciadas as causas idiossincráticas da música dos Radiohead, mesmo que apareçam com uma coesão menos conseguida. Afinal, estamos a falar de uma banda que recusou ter a sua música no iTunes precisamente por defender um sentido monolítico de álbum, por oposição à venda avulsa de faixas. É nesse aspecto que In Rainbows não sai favorecido da comparação com outros momentos Radiohead, por não ter uma narrativa aglutinadora das composições em volta de uma causa maior ou, se esse denominador comum existe, é demasiado permeável a contaminações e contrastes de estilos. Ouça-se, a título de exemplo, a desarmonia entre o fulgor beat de "15 Step" e o galope quase stoner-grunge-rock de "Bodysnatchers". E o dilema prossegue: a balada acústica "Nude", a "clássica" indie "Weird Fishes/Arpeggi", a escapista "All I Need", a acústica barroca "Faust Arp", a nervosa "Reckoner", o conformismo pop de "House of Cards", a excelência das estruturas de "Jigsaw Falling Into Places" e o desprendimento intimista de "Videotape". Em todo o caso, é bom ver que algumas destas canções saíram da prateleira, desde que isso não signifique um amolecimento da verve subversiva que trouxe os Radiohead ao patamar de qualidade em que estão hoje.

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