sexta-feira, 4 de março de 2005

Moby - Hotel

Apreciação final: 5/10
Edição: V2/BMG, Março 2005
Género: Pop-Rock/Techno-Pop/Club-Dance/Rock



Richard Melville Hall é um artista controverso. Se o alter ego artístico - Moby - deu um rosto ao universo techno, empurrando-o do anonimato para o mediatismo mainstream, essencialmente graças à exploração comercial do ubíquo Play (1999), os puristas do género não viram com bons olhos a sua banalização e consequente desvirtuação. Indiferente às vozes discordantes, Moby firmou a sua marca inconfundível: a fusão da electrónica disco com outros ritmos, da pop à música ambiente e/ou de dança.

Baby Monkey (2004) do projecto paralelo Voodoo Child, prometia a reconciliação de Moby com a forma que o notabilizou e que dele fez um símbolo do underground techno do início da década de 90. Contudo, se 18 (2002) já mostrava uma derrapagem pop, Hotel confirma o nova-iorquino no estatuto de estrela pop, com os respectivos tiques irritantes. Moby é hoje inventor de hinos indisfarçavelmente pop e verteu essa condição na escrita de Hotel. O registo é ostensivamente mainstream, com melodias primárias, refrões orelhudos e instrumentalizações descuidadas. Moby desnaturou a trama sónica típica, desobrigou-se dos preceitos fundamentais e construiu um tomo que avilta títulos de antanho, piscando despudoradamente o olho às venturas comerciais. A medula de Hotel é desarmoniosa e incapaz de redimir Moby da degeneração. A salvar o disco da ruína integral, a voz quente de Laura Dawn e "I Like It" e "Forever", os únicos mensageiros do passado que Moby parece renegar.

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