segunda-feira, 28 de março de 2005

Blasted Mechanism - Avatara

Apreciação final: 7/10
Edição: Metrodiscos/Universal, Março 2005
Género: Electro-Rock/Dub-Rock/Etno-Rock







A saga evolutiva dos Blasted Mechanism prossegue imune a qualquer forma de desgaste e, acima disso, com o veio inventivo e versátil que caracteriza o percurso de Karkov, Valdiju e companhia. Avatara é a mais recente transformação da espécie humanóide que preenche o espaço inspirador da banda nacional e que, nesta fase, parece agregar as deambulações tribais e funk da génese inicial com a maquinação electro-rock do último registo, Namaste. Neste registo, o universo sónico é preenchido por uma indisfarçável aproximação à textura reggae-dub de uns Asian Dub Foundation, apimentada por uma perspectiva afro-industrial única e que se verte em instrumentalizações de nível supremo. A produção de Avatara é inteligente, destacando a orgânica do colectivo português e a espontaneidade das colagens sonoras do disco.

A lista de convidados inclui a cantora Maria João (empresta um cunho singular aos temas "Power On" e "Pink Hurricane"), o grupo hip-hop Dealema (introduzem o português na atmosfera Blasted Mechanism) e o DJ Nelassassin. A presença catalítica destes ilustres músicos é vector coadjuvante da metamorfose, em invocação venerada de uma avatara incapturável. Avatara é uma excursão a uma galáxia incerta onde divindades excêntricas assumem formas proto-humanas e dançam com alarde ao som de profusões rítmicas agitadas, também letárgicas, no cumprimento de cerimoniais de exaltação espiritual. Os Blasted Mechanism estão mais místicos, Avatara é quase imaterial, mas pode muito bem ser o melhor disco da mais carismática banda nacional.

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