Apreciação final: 7/10
Edição: Interscope/Universal, Março 2005
Género: Hard Rock
Edição: Interscope/Universal, Março 2005
Género: Hard Rock
Coloco o CD no leitor. Escuto a voz cavernosa de Mark Lanegan numa canção de embalar. Ele não deixou a banda? Ter-me-ei enganado no disco? Não, 1 minutos e 25 segundos depois explode "Medication" com a voz dissimulada de Josh Homme e as guitarras insinuantes dos Queens of The Stone Age. Descansa o espírito. Esfrego as mãos e aguço o espírito crítico. Depois de Songs For The Deaf a fasquia está alta para os ex-Kyuss. Lullabies To Paralyze é o quarto registo (esquecendo a colecção de B-Sides intitulada Stone Age Complication) de uma banda que dá corpo ao estatuto único de bastião do rock old fashion, de mensageiro de um género que esbraceja para fugir à extinção. Se neste registo era previsível a ausência de Dave Grohl (Foo Fighters, ex-Nirvana), já seria menos presumível o afastamento de Nick Oliveri, parceiro de Homme desde os tempos dos Kyuss e um dos átomos primazes do grupo. Aliás, a química rock dos Queens derivava essencialmente das sinergias entre a dupla agora desfeita. Também a percussão é indiscutivelmente inferior à do álbum anterior. Joey Castillo não é Grohl, as batidas soam demasiado certas, falta-lhes aquele irreverente devaneio rítmico que o ex-Nirvana introduzia com sabedoria.
Ouvir Lullabies To Paralyze é tocar um produto rock genuíno, sem misturas. Contudo, o registo ressente-se das feridas auto-infligidas da banda. Sem Oliveri e Lanegan, Homme dispõe de um arsenal mais reduzido, por muito que reconverta o som do grupo, até se atrevendo a tangências com a vocação contemporânea do rock. Mesmo assim, se é verdade que os Queens Of The Stone Age nunca serão os mesmos sem a excentricidade de Oliveri, não é menos preciso dizer-se que continuam firmes e vigorosos, talvez um pouco mais experimentais (especialmente a segunda metade do álbum) e, acima disso, seguem convictamente os preceitos rock que ajudaram a criar. Homme pode estar mais só, os Queens giram agora exclusivamente em seu torno, mas continuam excitantes como sempre, ainda que sem o brilho de Songs For The Deaf. Lullabies To Paralyze não embala nem paralisa porém traz uma dinâmica solução com todos os ingredientes que compõe o espaço ambivalente em que se movem Homme e os (cada vez mais) seus Queens Of The Stone Age: muita erva e bom rock.
1 comentário:
Estou com muita curiosidade para ouvir essas canções de embalar. Tive a oportunidade de assisitir aos dois concertos dos QOTSA em Portugal e de conversar com o Mark Lanegan, corria o ano de 2002. Uma banda de culto. Pelo menos do meu... um abraço.
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