quinta-feira, 6 de março de 2008

Vampire Weekend - Vampire Weekend




O último acontecimento musical do cada vez mais produtivo filão nova-iorquino e, antes disso, do fenómeno corrente das blog bands (foi na plataforma da blogosfera que o entusiasmo em torno da banda se sedimentou), é o quarteto Vampire Weekend. Se o final do ano passado, com um par de singles ("Cape Cod Kwassa Kwassa", primeiro, e a deliciosa "Mansard Roof" depois) de impressiva frescura pop, nos mostrou indícios primeiros de confirmação da valia que, para estes rapazes, era anunciada (e entronizada) num generalizado burburinho cibernético, o álbum homónimo de estreia está aí para pôr à prova todas as considerações. As primeiras audições do disco, além de afirmarem categoricamente a viciante sedução das canções, descodificam parcialmente o enigmático rótulo estético em que a banda se auto-arruma, com pompa de novidade: "Upper West Side Soweto". Em partes iguais, atrás dessa expressão, revelam-se afinidades indisfarçáveis com as descendências experimentais do new wave, não necessariamente nova-iorquino (os Talking Heads ou a fase "africana" de Paul Simon parecem um luminária mais ou menos presente), e uma muito curiosa proximidade com ritmos e trejeitos instrumentais africanos (a kwassa kwassa do Congo até baptiza uma das canções). Desconhecem-se as causas dessas relações de contacto dos Vampire Weekend com a música africana, mas a verdade é que a fórmula resulta muito bem, com o entusiasmo quase naïf do anúncio de uma nova descoberta. Depois, as composições, mesmo quando se refugiam em minimalismo recatado, irradiam atitude positiva: as guitarras maquilham-se de festim afro, as percussões pulsam compassos dançantes, as teclas emprestam cores e serpentinas, os arranjos enchem o ambiente de luzes multi-coloridas e a voz de Ezra Koenig é uma fulgurante chama de optimismo. No final, depois de escutado vezes sem conta, sobra a sensação de que dificilmente o debute discográfico dos Vampire Weekend poderia ser melhor. E que se trata de um registo imperdível de pop simples, tocante, melódica, sem recursos técnicos desnecessários e apaixonante. Não é a isso que se deve chamar novidade?

Sem comentários: