Depois de se ter apresentado ao mundo discográfico com uma tríade sólida de singles ("Hummer", "Mathletics" e "Balloons", apenas o último está no alinhamento do álbum), no ano transacto, e de fazer furor no mítico festival de Reading - onde, actuando num palco secundário e sem música editada, cativou a atenção da crítica - o quinteto inglês Foals apresenta, em disco de estreia, a sua transgressão musical, um generoso híbrido que faz conjugar as tendências contemporâneas do rock britânico (leia-se Arctic Monkeys, Klaxons ou Franz Ferdinand), o pulso acelerado de composições feitas para dançar e uma certa angularidade importada das escolas "matemáticas" de rock. De semelhante mistura, facilmente se adivinharia o semblante festivo do disco, sublinhado pela singular confluência entre a secção rítmica, com cadências muitas vezes a roçar a agitação techno, e as guitarras. Nestas, sobretudo na apetência pela circularidade e pela repetição (também em paralelo com a tal afinidade pelo math), se percebe porque é que a banda aponta Steve Reich como uma fonte de inspiração. Em tudo o mais, o experimentalismo de Antidotes traveste-se de disco pop não convencional, mormente nos trejeitos vocais mais "previsíveis" de Yannis Philippakis (pastiche de Kele Okereke?) que, por vezes, desviam as canções para órbitas assimétricas com o som cifrado da parte instrumental. Trata-se, afinal, de afirmar uma postura não ortodoxa, quase "académica", de erigir canções, ao jeito dos produtos concentrados dos americanos Battles, e somar-lhe, depois, o magnetismo da melodia ligeira (esse é o jogo de Philippakis) e sem segredos. E, no fim, o distinto debute de Antidotes vem provar que há nos Foals potencial para combinar técnica, forma e musicalidade com resultados de excepção.
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