Depois de assentados os arraiais da desmesurada vaga de consagração geral subsequente à dupla edição do acústico I’m Wide Awake It’s Morning e do sintético Digital Ash in a Digital Urn, já lá vão dois anos, Conor Oberst e os seus Bright Eyes estão de volta. E se aquele par de discos, a despeito dos reconhecidos atributos, parecia revelar sinais de alguma irresolução estética da banda face a dois caminhos alternativos, Cassadaga dissipa dúvidas (se é que realmente existiram) e é um claro enunciado de canções folk-country, na linha do que previamente anunciara o EP Four Winds. A somar aos eventos costumeiros da música de Oberst, revelam-se vozes de suporte, arranjos de cordas e alguns tricotados de guitarra eléctrica, indícios de um cuidado acrescido no detalhe e, em simultâneo, de uma perspectivação menos intimista da composição. Essa "abertura" na produção tem repercussões díspares nas canções e, contrariando os paradigmas de Oberst, são precisamente os trechos mais introvertidos a perder força, em favor dos instantes mais volumosos. Em todo caso, não obstante a proporção correctíssima das faixas (mesmo nos momentos de medidas largas) e a sua passada firme, algo no disco sugere um subliminar amolecimento da verve de Oberst que nem os novos artifícios de estúdio chegam a disfarçar. No lugar da ousadia folk que até chegou a render-lhe o pomposo cognome de "novo Dylan", surge agora um simpático compromisso orquestral que, mesmo conseguindo alguns instantes de mérito, deixa a sensação de constranger ideias a uma maturação forçada e antes do prazo.
segunda-feira, 9 de abril de 2007
Bright Eyes - Cassadaga
Depois de assentados os arraiais da desmesurada vaga de consagração geral subsequente à dupla edição do acústico I’m Wide Awake It’s Morning e do sintético Digital Ash in a Digital Urn, já lá vão dois anos, Conor Oberst e os seus Bright Eyes estão de volta. E se aquele par de discos, a despeito dos reconhecidos atributos, parecia revelar sinais de alguma irresolução estética da banda face a dois caminhos alternativos, Cassadaga dissipa dúvidas (se é que realmente existiram) e é um claro enunciado de canções folk-country, na linha do que previamente anunciara o EP Four Winds. A somar aos eventos costumeiros da música de Oberst, revelam-se vozes de suporte, arranjos de cordas e alguns tricotados de guitarra eléctrica, indícios de um cuidado acrescido no detalhe e, em simultâneo, de uma perspectivação menos intimista da composição. Essa "abertura" na produção tem repercussões díspares nas canções e, contrariando os paradigmas de Oberst, são precisamente os trechos mais introvertidos a perder força, em favor dos instantes mais volumosos. Em todo caso, não obstante a proporção correctíssima das faixas (mesmo nos momentos de medidas largas) e a sua passada firme, algo no disco sugere um subliminar amolecimento da verve de Oberst que nem os novos artifícios de estúdio chegam a disfarçar. No lugar da ousadia folk que até chegou a render-lhe o pomposo cognome de "novo Dylan", surge agora um simpático compromisso orquestral que, mesmo conseguindo alguns instantes de mérito, deixa a sensação de constranger ideias a uma maturação forçada e antes do prazo.
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