Um foley room é, no jargão cinematográfico, uma sala destinada à edição de efeitos sonoros para posterior incorporação em conteúdos vídeo. Inspirado nesse conceito, o sapiente DJ Amon Tobin, respeitado cultor das técnicas de manipulação de samples, promove, no quinto álbum editado pela Ninja Tune, uma mudança nas causas primárias da sua música. Com efeito, segundo a ficha técnica de Foley Room, ao invés da tradicional manipulação de sons colhidos em vinis antigos, o músico optou pela recolha de sons reais, através do recurso a microfones de alta definição. Não é o mais típico exercício de música concreta - essa não é a causa primária de Tobin - até porque as substâncias originais ficam "disfarçadas" num hábil jogo de transfiguração digital que, em último caso, lhes dá o talhe certo para construções drum'n'bass e de ambientes sinistros. Úberes em preciosos detalhes e assentes num método muito eficaz de sobreposição de sons, as composições demonstram um notável sentido de organização e domínio da interacção de diversos estímulos sonoros com o espaço (e o silêncio). Além disso, a meticulosa exploração dos paradigmas clássicos da acústica cinematográfica (universo caro a Tobin), ao encontro da consistência rítmica que faltou noutros trabalhos, faz de Foley Room um dos mais íntegros exercícios do percurso do produtor e uma experiência auditiva que, mesmo não sendo uma obra de originalidade ímpar, se torna verdadeiramente compensadora.
sábado, 7 de abril de 2007
Amon Tobin - Foley Room
Um foley room é, no jargão cinematográfico, uma sala destinada à edição de efeitos sonoros para posterior incorporação em conteúdos vídeo. Inspirado nesse conceito, o sapiente DJ Amon Tobin, respeitado cultor das técnicas de manipulação de samples, promove, no quinto álbum editado pela Ninja Tune, uma mudança nas causas primárias da sua música. Com efeito, segundo a ficha técnica de Foley Room, ao invés da tradicional manipulação de sons colhidos em vinis antigos, o músico optou pela recolha de sons reais, através do recurso a microfones de alta definição. Não é o mais típico exercício de música concreta - essa não é a causa primária de Tobin - até porque as substâncias originais ficam "disfarçadas" num hábil jogo de transfiguração digital que, em último caso, lhes dá o talhe certo para construções drum'n'bass e de ambientes sinistros. Úberes em preciosos detalhes e assentes num método muito eficaz de sobreposição de sons, as composições demonstram um notável sentido de organização e domínio da interacção de diversos estímulos sonoros com o espaço (e o silêncio). Além disso, a meticulosa exploração dos paradigmas clássicos da acústica cinematográfica (universo caro a Tobin), ao encontro da consistência rítmica que faltou noutros trabalhos, faz de Foley Room um dos mais íntegros exercícios do percurso do produtor e uma experiência auditiva que, mesmo não sendo uma obra de originalidade ímpar, se torna verdadeiramente compensadora.
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