Com o lançamento antecedido por uma campanha de marketing sem precendentes no percurso do projecto Nine Inch Nails, Year Zero chega aos escaparates rodeado pelo alvoroço e expectativa da extensa legião de fãs de Trent Reznor. Aparentemente construído em redor do conceito orwelliano de um mundo à beira do colapso social e com a fanática vertigem do terrorismo biológico apenas contida pelo uso generalizado de drogas governamentalmente prescritas e com efeitos alucinatórios, o álbum é um retrato esquizofrénico, revoltado e fatalista de uma época algures no futuro. Essa descrença distópica (e o vanguardismo estrutural) não é toada nova na música de Reznor, embora Year Zero demonstre uma vitalidade não sentida nos últimos registos NIN, mormente na articulação entre a doutrina rock industrial psicótico-vanguardista e as matérias orgânicas de medidas largas, experimentais e delirantes. Nesse particular, as composições fazem prova de uma depuração diferente das fórmulas industriais do som de Reznor, não no sentido de agravar o discurso eléctrico das guitarras, antes buscando a acidez e as convulsões mutantes da electrónica de arame farpado como discurso dominante. Essa preferência nem sempre traz conforto aos trechos, por vezes somando uma dose de inconveniência estética que lhes encobre a essência e, ainda que tendo em conta a expansão estrutural evidente em relação aos últimos títulos, Year Zero é, como o título ironicamente sugere (ele é também o primeiro pós-desintoxicação de Reznor), apenas o capítulo zero de um novo mundo NIN. Por ora, parte dos esteios desse mundo, a espaços gloriosamente entrevistos neste disco, ainda estão no casulo...
quinta-feira, 19 de abril de 2007
Nine Inch Nails - Year Zero
Com o lançamento antecedido por uma campanha de marketing sem precendentes no percurso do projecto Nine Inch Nails, Year Zero chega aos escaparates rodeado pelo alvoroço e expectativa da extensa legião de fãs de Trent Reznor. Aparentemente construído em redor do conceito orwelliano de um mundo à beira do colapso social e com a fanática vertigem do terrorismo biológico apenas contida pelo uso generalizado de drogas governamentalmente prescritas e com efeitos alucinatórios, o álbum é um retrato esquizofrénico, revoltado e fatalista de uma época algures no futuro. Essa descrença distópica (e o vanguardismo estrutural) não é toada nova na música de Reznor, embora Year Zero demonstre uma vitalidade não sentida nos últimos registos NIN, mormente na articulação entre a doutrina rock industrial psicótico-vanguardista e as matérias orgânicas de medidas largas, experimentais e delirantes. Nesse particular, as composições fazem prova de uma depuração diferente das fórmulas industriais do som de Reznor, não no sentido de agravar o discurso eléctrico das guitarras, antes buscando a acidez e as convulsões mutantes da electrónica de arame farpado como discurso dominante. Essa preferência nem sempre traz conforto aos trechos, por vezes somando uma dose de inconveniência estética que lhes encobre a essência e, ainda que tendo em conta a expansão estrutural evidente em relação aos últimos títulos, Year Zero é, como o título ironicamente sugere (ele é também o primeiro pós-desintoxicação de Reznor), apenas o capítulo zero de um novo mundo NIN. Por ora, parte dos esteios desse mundo, a espaços gloriosamente entrevistos neste disco, ainda estão no casulo...
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