Embora o glitch não seja uma vulgar ciência de sons ou um formato de aceitação simples, a verdade é que entre os estetas do género se encontram alguns ícones redondos da música electrónica, mormente os precursores Richard D. James (Aphex Twin) ou o projecto britânico Autechre que, no dealbar da década de noventa, seguindo as pistas deixadas pelas pesquisas espaciais de gente como Brian Eno, alargaram o espectro tonal da música de base analógica a qualquer interferência sonora imaginável. Assim se fez uma filosofia de cariz experimentalista, sem espartilhos formais, e cuja orgânica mais não era do que um emaranhado meticulosamente montado de microscópicas partículas de som, coladas ou sobrepostas, ordenadas e sem perderem a dispersão, como se se combinassem anormalidades para chegar a uma peça com um sentido metafórico de canção. O israelita Ran Slavin é um discípulo do regimento glitch e junta à manipulação electrónica do género um punhado de utilíssimas inspirações orientais, quase sempre servidas pelas cordas do ud (instrumento egípcio) ou da bulbultarang (utensílio indiano), também pela guitarra tradicional ou pelos samples. O desfecho é algo críptico e demora a decifrar; mas, uma vez entrados nos dédalos codificados deste The Wayward Regional Transmissions, sem saídas de emergência, resta-nos mergulhar sem reservas, qual roedor de laboratório nas mãos invisíveis da ciência, e desvendar uma miríade de sensações auditivas que tanto nos levam ao tortuoso e árido Médio Oriente, como nos põem placidamente em cima de uma nuvem cinzenta de impurezas. Com chancela de um selo luso.
sexta-feira, 27 de abril de 2007
Ran Slavin - the Wayward Regional Transmissions
Embora o glitch não seja uma vulgar ciência de sons ou um formato de aceitação simples, a verdade é que entre os estetas do género se encontram alguns ícones redondos da música electrónica, mormente os precursores Richard D. James (Aphex Twin) ou o projecto britânico Autechre que, no dealbar da década de noventa, seguindo as pistas deixadas pelas pesquisas espaciais de gente como Brian Eno, alargaram o espectro tonal da música de base analógica a qualquer interferência sonora imaginável. Assim se fez uma filosofia de cariz experimentalista, sem espartilhos formais, e cuja orgânica mais não era do que um emaranhado meticulosamente montado de microscópicas partículas de som, coladas ou sobrepostas, ordenadas e sem perderem a dispersão, como se se combinassem anormalidades para chegar a uma peça com um sentido metafórico de canção. O israelita Ran Slavin é um discípulo do regimento glitch e junta à manipulação electrónica do género um punhado de utilíssimas inspirações orientais, quase sempre servidas pelas cordas do ud (instrumento egípcio) ou da bulbultarang (utensílio indiano), também pela guitarra tradicional ou pelos samples. O desfecho é algo críptico e demora a decifrar; mas, uma vez entrados nos dédalos codificados deste The Wayward Regional Transmissions, sem saídas de emergência, resta-nos mergulhar sem reservas, qual roedor de laboratório nas mãos invisíveis da ciência, e desvendar uma miríade de sensações auditivas que tanto nos levam ao tortuoso e árido Médio Oriente, como nos põem placidamente em cima de uma nuvem cinzenta de impurezas. Com chancela de um selo luso.
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