Sediado em Bristol, no Reino Unido, o trio Kosheen é um exemplo de consistência criativa (o que também pode ser lido como imobilismo estético), sempre fiel ao intrincado mundo da electrónica contemporânea (o que nem quer dizer que eles fechem olhos à iluminação de referências passadas, mormente da década de oitenta), com jogos de beats e programações modernas e uma orgânica sonora a combinar os ingredientes sintéticos de Markee Substance, a guitarra eléctrica de Darren Decoder e a voz da galesa Sian Evans. No resto, a receita de Damage é percorrer o ideário normal da synth-pop, subliminarmente menos coincidente com a órbita drum'n'bass que esteve na génese do trio e assente num registo vocal amigo do ouvido (e, curiosamente, próximo dos formatos de géneros mais mainstream) e em construções orgânicas férteis em contrastes e detalhes tónicos. Coisa parecida, pode dizer-se, com uma improvável mestiçagem entre os Depeche Mode, os Everything But the Girl e os Morcheeba. A fórmula funciona melhor quando o trio apela a universos emocionais mais sinistros (como na esplêndida "Wish You Were Here") e, nesses instantes, as composições conseguem desviar-se dos banais estereótipos que, nos trechos mais expansivos ("Like a Book" à cabeça), as empurram para uma escusada banalidade pop, ofuscando inclusivamente um ou outro ápice de feliz enlace orgânico. Em consequência, Damage não escapa aos mesmo prejuízos formais que se percebiam noutros trabalhos e, pior do que isso, deixa-se domar por uma sucessão de concessões pop, tornando-se uma escuta apenas compensadora para os indefectíveis seguidores.
sábado, 21 de abril de 2007
Kosheen - Damage
Sediado em Bristol, no Reino Unido, o trio Kosheen é um exemplo de consistência criativa (o que também pode ser lido como imobilismo estético), sempre fiel ao intrincado mundo da electrónica contemporânea (o que nem quer dizer que eles fechem olhos à iluminação de referências passadas, mormente da década de oitenta), com jogos de beats e programações modernas e uma orgânica sonora a combinar os ingredientes sintéticos de Markee Substance, a guitarra eléctrica de Darren Decoder e a voz da galesa Sian Evans. No resto, a receita de Damage é percorrer o ideário normal da synth-pop, subliminarmente menos coincidente com a órbita drum'n'bass que esteve na génese do trio e assente num registo vocal amigo do ouvido (e, curiosamente, próximo dos formatos de géneros mais mainstream) e em construções orgânicas férteis em contrastes e detalhes tónicos. Coisa parecida, pode dizer-se, com uma improvável mestiçagem entre os Depeche Mode, os Everything But the Girl e os Morcheeba. A fórmula funciona melhor quando o trio apela a universos emocionais mais sinistros (como na esplêndida "Wish You Were Here") e, nesses instantes, as composições conseguem desviar-se dos banais estereótipos que, nos trechos mais expansivos ("Like a Book" à cabeça), as empurram para uma escusada banalidade pop, ofuscando inclusivamente um ou outro ápice de feliz enlace orgânico. Em consequência, Damage não escapa aos mesmo prejuízos formais que se percebiam noutros trabalhos e, pior do que isso, deixa-se domar por uma sucessão de concessões pop, tornando-se uma escuta apenas compensadora para os indefectíveis seguidores.
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