quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Skalpel - Konfusion

Apreciação final: 7/10
Edição: Ninja Tune, Novembro 2005
Género: Downbeat/Jazz/Electrónica
Sítio Oficial: http://skalpel.chlip.com








Os polacos Marcin Cichy e Igor Pudlo são embaixadores do jazz moderno da Europa de Leste e, ao segundo trabalho de um percurso artístico que começa a extravasar as fronteiras do seu país, tentam ressuscitar o espírito do jazz da Polónia dos anos 60 e 70 e o simbolismo de liberdade artística e propensão escapista que a música reclamava entre os retalhos políticos da Cortina de Ferro. Mas a repescagem dos Skalpel não propende para o anacronismo, antes se serve habilmente de cores modernistas, ou não fosse já longe o tempo de caloiros destes dois DJ's. E a tarimba sente-se em cada acorde, num exercício dissecador desses ambientes jazzísticos que, alargando o espectro sónico a um certo experimentalismo break beats e a um penetrante balanço funk, os re-inventa com renovadas sensações. A maturação de conceitos é notória - por comparação com o primeiro álbum - na densidade das composições, sustentada à custa de alternâncias instrumentais bem medidas e da colagem astuta dos samples. O produto final assenta como uma luva no catálogo da Ninja Tune, bem ao jeito do downbeat de uns Cinematic Orchestra ou da irreverência funk de Mr. Scruff.

Jazz ou electrónica (há quem acople conceitos e lhe chame jazztronica), a música dos Skalpel oferece uma multiplicidade de ambientes sonoros, recolhidos de um património musical menos conhecido no ocidente europeu e que, mercê desta edição, se exprimem num discurso actual, simultaneamente áspero e doce, sobrecarregado de sensualidade e vapores de tabaco. Música de clube jazz para ouvir no intervalo do café, entenda-se. Konfusion é uma viagem imaginária pelas arcadas poeirentas da velha Varsóvia de outros tempos, pela mão de um contrato musical que é mais jazz e menos electrónico e onde o resoluto jogo de samples quase ilude o sentido auditivo, disfarçando-se de peça musical una. Dá para fazer de conta que, entre os tragos do café e as inalações de nicotina, Konfusion é o som ao vivo de uma qualquer banda jazz. Mas, afinal, é apenas o produto da excelência dos malabarismos digitais de Cichy e Pudlo.

2 comentários:

Unknown disse...

Não diria isso.
A sonoridade dos Xploding Plastix é mais glam-funk, numa linha que até se abeira do registo de Bowie, por exemplo. No caso dos Skalpel, estamos a falar de texturas essencialmente instrumentais (primeira diferença relevante) e cuja toada é muito jazz (o factor de distinção mais óbvio, sem o glam dos Xploding Plastix). Portanto, se estás à espera de algo semelhante, não creio que seja esta a melhor proposta. Já escutaste o último de Dakar & Grinser? Talvez sirva melhor esse propósito.

Cumprimentos.

Unknown disse...

Sim, estamos a falar dos mesmos Xploding Plastix. E precisamente desse disco que apontaste no AMG.

E não me digas que não encontras aí semelhanças com Bowie. Por outro lado, eu é que não encontro propriamente sinais jazz nesse disco. De certeza que estamos a falar da mesma coisa? Não há aí nenhuma confusão?

De qualquer dos jeitos, Skalpel é muito mais jazzy do que Xploding Plastix, sem dúvida.

Boa audição.