Apreciação final: 7/10
Edição: Rastilho, Novembro 2005
Género: Metalcore/Experimental
Sítio Oficial: www.iflucyfell.tk
Edição: Rastilho, Novembro 2005
Género: Metalcore/Experimental
Sítio Oficial: www.iflucyfell.tk
O baptismo desta banda lisboeta só pode ter sido um assomo da mais refinada ironia. Retirado da comédia romântica que Eric Schaeffer escreveu, realizou e protagonizou em 1996, o nome destes rapazes é um delicioso enigma. Coincidência sarcástica com o filme? É que o propósito musical que os If Lucy Fell defendem abeira-se mais de um colérico exercício de implosões metalcore, feito de sonoridades cruas e cheias de energia do que propriamente do universo da fita de Schaeffer. Antes de mais, You Make Me Nervous é um disco de competência técnica, sem receio de entornar nos padrões eléctricos uma porção ajustada de experimentalismo e uma lógica de pára-e-arranca à procura de picos que nem sempre respondem com aptidão às suposições que a ebulição das composições faria adivinhar. É certo que estamos a falar de um som pouco pacífico para ouvidos sensíveis, um registo que tenta aglutinar a agressividade e instantes melancólicos - a maior parte das vezes consegue-o eficazmente - mas que não omite certas imprecisões típicas de um primeiro disco. Contudo, esses pecadilhos não apagam os indicadores de um porvir risonho para os If Lucy Fell: a atitude é punk, o universo é o metal, o noise rock é a escola e a criatividade é um teorema. E como todos os teoremas, os matemáticos e os demais, este também carece de demonstração efectiva. You Make Me Nervous é a primeira tentativa para chegar aí, a esse destino onde se cruzam a máquina explosiva de uns Norma Jean ou de uns Converge, o artesanato ecléctico de uns Mars Volta e o sombrio minimalismo de uns Cult of Luna.
Intenso, psicótico e corrosivo, You Make Me Nervous é mais um depoimento da vitalidade recente do movimento underground luso e apresenta um colectivo promissor. Pena é que o álbum não evite, apesar da metamorfose esquizofrénica que percorre o alinhamento, uma certa sensação de repetição. Mesmo assim, You Make Me Nervous é um turbilhão incontinente de boas ideias e uma demonstração do vigor indomável deste quarteto nacional que, assim que conseguir outros enfoques para os seus conceitos, há-de tornar-se um caso sério na música nacional não recomendada a mentes (e ouvidos) sensíveis. Para exportar. Por ora, resta-nos consumir desregradamente o álbum de debute e aceitar o único efeito colateral previsto: a sedução viciante.
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