Apreciação final: 6/10
Edição: Sony/RCA, Janeiro 2006
Género: Rock Revivalista/Indie Rock
Sítio Oficial: www.thestrokes.com
Edição: Sony/RCA, Janeiro 2006
Género: Rock Revivalista/Indie Rock
Sítio Oficial: www.thestrokes.com
Pura ilusão. Os primeiros segundos de "You Only Live Once", a composição de abertura de First Impressions of Earth, levam-nos às arrecuas até aos anos 80 e relembram "I Want to Break Free", dos Queen. Mas, logo de seguida, a segunda guitarra e a voz de Julian Casablancas resolvem o enigma. É mesmo um disco dos Strokes, esses rapazes de quem já se disse serem os salvadores da pátria. Do rock, bem entendido. No terceiro longa-duração, os nova-iorquinos vão por diante nos dribles rock, procurando perfumar o som com outros aromas. Numa visão mais superficial, dir-se-ia que First Impressions of Earth pisa com hesitação um outro cosmos, talvez empurrado por uma conjuntura já não tão simpática para os automatismos dos Strokes como o início da década e que, pela recente ascensão de outras bandas (Franz Ferdinand, Bloc Party, Editors ou Bravery), fez o rock escorregar da mera mistura pós-punk para uma química mais dançarina. E os Strokes foram apanhados no meio dessa metamorfose, perdendo de permeio o estatuto de porta-vozes da nova era dourada do rock - se é que ela existiu - e escreveram um disco vegetariano. Não é carne nem peixe. Mesmo assim, First Impressions of Earth não é um mau disco, cativa pela energia magnetizante do refrão atempado e pelo jogo de harmonias de guitarra. Aí, os Strokes conservam créditos. E nas boas canções de pop disfarçado de rock, mais do mesmo: lugares comuns strokianos que, aqui e ali, se aventuram na novidade (nem sempre bem-vinda), como nas musculadas "Juicebox" e "Vision of Division" ou na peça "Ask Me Anything", exclusivamente em orgão e violoncelo.
Em First Impressions of Earth encontramos uns Strokes a dar sinais de entorpecimento criativo. Não é um mau disco, longe disso, mas é um álbum sem o fulgor do passado e tolhido pela insuficiente resposta do quinteto americano à urgência de revolver o paradigma que os lançou. Hoje, o mercado já não consome cegamente a mesma pílula de absorção rápida de rock com potência, velocidade e estridência em partes iguais que fez sucesso em Is This It ou Room on Fire. Mas será que Casablancas tem laringe (e caneta) para mais? É certo que, neste disco, os Strokes procuraram outros rumos mas ficaram-se pelas intenções. E para resgatar o rock (se é que ele precisa disso) é preciso um pouco mais do que simples reticências. Ou isso, ou os Strokes são, agora, uma reticência do que já foram. Pura ilusão?
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