Apreciação final: 5/10
Edição: Overcoat Recordings, Janeiro 2006
Género: Indie Rock/Experimental
Sítio Oficial: www.trts.com / www.bonnieprincebilly.com
Edição: Overcoat Recordings, Janeiro 2006
Género: Indie Rock/Experimental
Sítio Oficial: www.trts.com / www.bonnieprincebilly.com
Ao princípe já não chegam as colaborações individuais. Depois de, entre outros, ter dividido trabalhos com Matt Sweeney (Superwolf (2005)) e David Berman (no projecto Silver Palace), Will Oldham recrutou os americanos Tortoise - projecto pós-rock vanguardista de Chicago - para fazer um álbum com uma dezena de versões. O repertório escolhido provém de origens diversas, desde Elton John ("Daniel") a Milton Nascimento ("Cravo e Canela"), de Bruce Springsteen ("Thunder Road") a Devo ("That's Pep"), de Richard Thompson ("The Calvary Cross") a Melanie ("(Some Say) I Got Devil"). Da aliança entre os ornatos intrincados e a matemática poeirenta dos Tortoise e a voz dolorosa e vulnerável de Oldham derivam sinergias oportunas, ainda que a fórmula não se ajuste com idênticas virtudes em todos os momentos do álbum: "Cravo e Canela" estava fadada a ser um tiro ao lado, se por mais não fosse sê-lo-ia pelas óbvias barreiras da pronúncia, a despeito das boas ideias instrumentais; "That's Pep" fareja os Devo em equações cacofónicas e algo dissolutas de que resultam insinuações krautrock sem sucesso. No oposto, a versão turva de "Thunder Road" é soberba, repousando nos ambientes enfumarados dos Tortoise, com magníficos dedilhados e torvelinhos de sintetizador a tomar o vazio. O traço imaginativo mantém-se em "Daniel", à custa de moldagens sujas e da formatação psicadélica da voz de Oldham. No resto do álbum, o metrónomo dos Tortoise serve a deferência certa às tendências escapistas de Oldham mas a simbiose não vai além dos serviços mínimos.
As faculdades dos intervenientes e o respectivo estatuto nos circuitos indie da música americana adubou expectativas para este The Brave and the Bold. Contudo, não sendo um disco a desconsiderar, o produto final ficam aquém das promessas e, com as excepções referidas, não há aqui nada que traga algum suplemento alternativo aos admiradores de Tortoise ou de Bonnie "Prince" Billy. The Brave and the Bold é, afinal, uma prova de que a mistura de dois lotes idênticos do mesmo tipo de discurso pode não ser suficiente para dar lugar a outras orações. E que um disco de versões dificilmente se emancipa das sombras do original.
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