Apreciação final: 8/10
Edição: Victory Recordings/Rastilho, Outubro 2005
Género: Metal Alternativo
Sítio Oficial: http://betweentheburiedandme.com
Edição: Victory Recordings/Rastilho, Outubro 2005
Género: Metal Alternativo
Sítio Oficial: http://betweentheburiedandme.com
A doutrina do metalcore é, por definição, um corpo musical de poucas transformações, um género onde as mutações se fazem no repisar de conceitos e na reprodução quase automática de ideias estanques, assentes nas descargas de distorções com perícia técnica e nas vozes guturais. Não deixa, por isso, de ser surpreendente que os americanos Between the Buried and Me derivem desse espaço. A música deles é certamente uma proposta de extremos e acolhe esses padrões estáticos do metalcore como base criativa mas não faz deles regra. Antes, utiliza-os como matéria-prima de uma massa sonora complexa e que une, com competência, uma panóplia de noções metal multifacetadas, a que acrescem, aqui e ali, sons exploratórios do rock progressivo, flutuações melancólicas dignas das estruturas pós-rock, algumas pitadas de free jazz e, bem disfarçados por detrás das guitarras eléctricas, até se anunciam uns breves gestos pop. Estamos a falar de um colectivo versátil e cuja vocação criativa não se esgota no metal, vai além disso, buscando ambientes sonoros que propõem, com idêntica veemência, uma dilacerante sessão de tortura e o glacial prodígio da bonança depois da tempestade. Não há lítio que cure a esquizofrenia dos Between the Buried and Me.
Alaska é o terceiro longa duração da banda e mostra-se o seu exercício mais inventivo, à custa da junção de géneros e da adequação do registo do colectivo a cada uma das diferentes cambiantes. Trata-se, assim, de um disco que re-formata as várias dimensões do metal e que prova que, mesmo num mundo tradicionalmente fechado nos seus próprios limites, podem surgir projectos musicais que socam as convenções com tal agilidade e destreza que nem chegam a parecer-se parte integrante. Há em Alaska um espírito deliberadamente iconoclasta, uma consciência marginal dos estatutos do metal. E tal coisa, num género que raramente surpreende pela novidade, só pode ser sinal de um projecto com qualidades. A descobrir por melómanos de ouvido forte.
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