quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Arctic Monkeys - Whatever People Say I Am, That's What I'm Not

Apreciação final: 8/10
Edição: Domino/Edel, Janeiro 2006
Género: Indie Rock
Sítio Oficial: www.arcticmonkeys.com








Os britânicos Arctic Monkeys são filhos do inimigo. Sem a web e as trocas massivas de mp3 (os dois presumíveis adversários da indústria fonográfica) que se seguiram à publicação de gravações de garagem destes quatro rapazes de Sheffield no MySpace, o hype que os rodeia desde o início do ano transacto e que levou à edição do primeiro álbum, na mesma etiqueta dos Franz Ferdinand (Domino), não seria possível. Alguns concertos inflamados (entre eles a participação no prestigiado festival rock de Reading) e duas edições próprias depois, o fenómeno cresceu em múrmurios de boca em boca e, por isso, o álbum chega aos escaparates debaixo de uma copiosa vaga de promessas. E Alex Turner e seus pares não desiludem. O som é, como seria de esperar, mais polido do que as edições que se piratearam a rodos em 2005 mas os sumarentos sublinhados de temperamento punk são conservados por inteiro, com aquele sentido de urgência rebelde de putos a entrar na vintena de anos. Mesmo sem sugerir propensões novas, antes se confinando inteiramente às chicanas recentes do rock, à concisão dos Strokes ou dos Art Brut, ao swing dos Ferdinand, dos Kaiser Chiefs e dos Bloc Party, aos ritmos ska dos Libertines e à rebeldia dos White Stripes - tudo muito contemporâneo e ortodoxo - os Arctic Monkeys têm fibra e fôlego. Pós-mocidade hiperactiva?

Atirados para o ribalta sem tempo para deixar crescer os pêlos de barba na face, os Arctic Monkeys têm nas mãos uma sina antagónica: ou se tornam os benjamins do clã rock do Reino Unido, confirmando a agitação que germinou à sua volta, ou se deixam enredar na prevísivel vaga de maledicências que entretanto há-de aparecer, sob o pretexto de estes putos não serem mais do que outra falácia, ao jeito dos Oasis. Cabe-lhes provar o contrário. Em Whatever People Say I Am, That's What I'm Not eles não deslustram o hiperbólico panegírico que antecedeu a edição do disco. Eles não são (ainda?) os salvadores da pátria; são apenas quatro juvenis com penteados à meliante foleiro, acne na cara, a tossir às primeiras passas num cigarro e com uma tremenda vontade de fazer música com alma. Para já vão vendendo discos à farta, maravilhando fãs e (alguns) críticos. Não importa se serão a revelação maior de 2006 ou apenas a melhor banda da próxima semana. O que apetece pedir é que, uma vez vividos os quinze minutos de fama, estes macacos do Árctico fiquem assim moços por mais do que um quarto de hora.

Posto de escutaMySpace

4 comentários:

Anónimo disse...

Indicaram-me este blogue..e vim cá ver. Tou de passagem..mas prometo voltar :)

Parabéns! Gostei :)

http://umpardebotas.blogs.sapo.pt

Spaceboy disse...

São engraçadotes, mas este hpye todo não se justifica.

Hugo Amaral disse...

...e eis que o feitiço se vira contra o feiticeiro! (internet vs. indústria musical) Só não entendo o hype à volta deles? Será que trazem algo que ainda não tenha sido feito em 2005?!

Unknown disse...

Sim, é verdade que a agitação em torno destes rapazes é exagerada. Mas não é menos verdade que, sem inovarem por aí além, os Arctic Monkeys conseguem cativar pela espontaneidade e vigor da sua música.

Veremos o que lhes reserva o futuro. O presente é uma agradável surpresa.