Apreciação final: 8/10
Edição: Ipecac, Março 2005
Género: Metal Experimental
Edição: Ipecac, Março 2005
Género: Metal Experimental
O anterior registo dos Fantômas, Delirium Cordia (2004), era uma extravagância ominosa de metal experimental, com uma única faixa de 74 minutos e virava do avesso a consciência do auditor, expondo-o à atmosfera sombria dos filmes de terror e à grotesca face negra do medo. Pois bem, o super-grupo liderado por Mike Patton está de volta. Ao longo de trinta faixas, intituladas segundo os dias de Abril, Patton, Osborne, Dunn e Lombardo promovem uma ousada (des)construção do universo dos desenhos animados, através de uma re-intrepretação do legado dos lendários compositores dos cartoons da Warner, Carl Stalling, Milt Franklin, Raymond Scott e dos efeitos sonoros de Treg Brown. Suspended Animation integra alguns samples antigos dos Looney Tunes que servem de pretexto à catarse macabra e negra dos Fantômas. Partindo daí, as composições fazem colagens onomatopaicas que juntam o timbre encantatório das animações à excêntrica e intrincada demência sónica típica dos Fantômas, com as vocalizações indecifráveis de Patton, os acordes triturantes de Osborne, o baixo assombroso de Dunn e a frenética percussão de Lombardo. A esta combinação improvável, afinal o elemento magnetizador do disco, acresce a aptidão pragmática do quarteto para metamorfosear abruptamente o seu registo, variando das texturas evocativas e ambientais para o speed metal ou o jazz.
Suspended Animation é uma edição desarmante, um exercício contorcionista de aglutinação de géneros, uma visão polissémica do conceito música. Aparentemente desconexo e caótico, o álbum mantém uma incomum coerência orgânica, num estilo bizarro, semelhante a Fantômas (1999), mas com ideias remoçadas. Suspended Animation é um oxímoro que mistura candura e insanidade, um registo imperdível para os amantes da imprevisibilidade na música e do cada vez mais confirmado génio louco de Mike Patton.
Sem comentários:
Enviar um comentário