As palavras do press-release do disco de debute dos lisbonenses {F.E.V.E.R.} sugerem um rótulo para a música que eles subscrevem que, além de permitir um leque largo de especulações, é demonstrativo de uma postura inovadora que, em certa medida, encontra paralelo na música do quinteto. Rock SciFi experimental é a pomposa expressão com que eles se saíram para definir um registo sonoro híbrido (em toda a dimensão da palavra) e que, pela riqueza das texturas, obriga a dissecações por partes. 4st é, antes de mais, um disco rock sem remorso, mesmo que o discurso eléctrico das distorções nem sempre encontre porto firme e acabe vacilando numa gama intencionalmente incerta de tons, umas vezes mais abrasivo (a importar estruturas do metal mais ou menos galopante ou das disfunções de uns Deftones) - e aí o disco marca pontos decisivos - noutras mais próximo dos embalos melódicos (e de menor expressão) de uns Linkin Park. Depois, é também um álbum experimental porque as composições não receiam testar convivências e/ou contrastes entre matérias nem sempre miscíveis, seja no resvalo pop de um ou outro instante vocalizado, na integração de abstracções electrónicas que infiltram diferentes pulsações ou mesmo no freio induzido por ápices mais atmosféricos. Sobra ainda uma produção manifestamente a tentar os limites e a render a acústica "habitual" de um disco rock, envolvendo cada pormenor das composições na tal cosmética scifi, com vocais distorcidos, percussões trabalhadas, baixo grave e mosaicos electro de alcance hipnótico.
Com uma muito interessante sequência de construções e as transformações rítmicas e volubilidade estética necessárias para "prender" o ouvinte da primeira à última nota, apenas parece faltar a 4st uma escrita que melhor aproveite a profusão de (boas) ideias e que deixe de lado uma ou outra impureza cliché. Mas, para primeiro disco de uma das sumas revelações da música lusa dos últimos tempos, a coisa é bastante promissora.
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