Embora o nome de Mike Patton roube a quase totalidade do protagonismo do projecto Tomahawk, não fosse ele um das personagens mais prolíficas e um dos ícones da cena rock actual (apesar da débâcle recente da identidade Peeping Tom), a verdade é que o mentor da ideia é Duane Denison, guitarrista que ganhou notoriedade nos Jesus Lizard. Foi, de resto, uma digressão de Denison, ao lado de Hank Williams III, que o expôs ao lado "conformista" da tradição musical norte-americana (leia-se música country e diversas variantes da folk) e o motivou a procurar energias nativas mais rebeldes e espontâneas. Anonymous é precisamente o fruto das inspirações colhidas por Denison no contacto com os sons de alguns rituais e celebrações tribais. Academicamente, este tipo de (re)interpretações/adaptações/fusões de sons autóctones não é uma originalidade - ainda que esteticamente díspar, tem paralelo, por exemplo, no trabalho dos Sepultura com as tribos Xavantes para o seminal Roots - e normalmente resulta numa obra de coesão forçada, seja pela dispersão das fontes ou pelo presumível antagonismo entre linguagens antigas e perspectivas artísticas correntes. No caso de Anonymous, essa desarmonia estrutural é notória também na formatação das composições, umas mais próximas da tensão frenética típica dos Tomahawk, psicadélicas e libertinas, outras abeirando-se de um registo brando e próprio de praxes meditativas. Em qualquer dos casos, Denison, Stanier (é uma das forças vivas dos Battles) e Patton propõem-nos uma transfiguração da banda, decididamente menos eléctrica e à procura de pontos de equilíbrio entre os estímulos da tradição índia e o experimentalismo abstracto da marca Tomahawk. Na mescla, apesar do muito razoável alcance de alguns momentos, acabam por perder-se virtudes de ambos.
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Tomahawk - Anonymous
Embora o nome de Mike Patton roube a quase totalidade do protagonismo do projecto Tomahawk, não fosse ele um das personagens mais prolíficas e um dos ícones da cena rock actual (apesar da débâcle recente da identidade Peeping Tom), a verdade é que o mentor da ideia é Duane Denison, guitarrista que ganhou notoriedade nos Jesus Lizard. Foi, de resto, uma digressão de Denison, ao lado de Hank Williams III, que o expôs ao lado "conformista" da tradição musical norte-americana (leia-se música country e diversas variantes da folk) e o motivou a procurar energias nativas mais rebeldes e espontâneas. Anonymous é precisamente o fruto das inspirações colhidas por Denison no contacto com os sons de alguns rituais e celebrações tribais. Academicamente, este tipo de (re)interpretações/adaptações/fusões de sons autóctones não é uma originalidade - ainda que esteticamente díspar, tem paralelo, por exemplo, no trabalho dos Sepultura com as tribos Xavantes para o seminal Roots - e normalmente resulta numa obra de coesão forçada, seja pela dispersão das fontes ou pelo presumível antagonismo entre linguagens antigas e perspectivas artísticas correntes. No caso de Anonymous, essa desarmonia estrutural é notória também na formatação das composições, umas mais próximas da tensão frenética típica dos Tomahawk, psicadélicas e libertinas, outras abeirando-se de um registo brando e próprio de praxes meditativas. Em qualquer dos casos, Denison, Stanier (é uma das forças vivas dos Battles) e Patton propõem-nos uma transfiguração da banda, decididamente menos eléctrica e à procura de pontos de equilíbrio entre os estímulos da tradição índia e o experimentalismo abstracto da marca Tomahawk. Na mescla, apesar do muito razoável alcance de alguns momentos, acabam por perder-se virtudes de ambos.
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