Sediados em Berlim, e portanto rodeados por uma das mais estimulantes escolas da electrónica europeia, dificilmente Jürgen Kühn e Antye Greie-Fuchs (também assina, a solo, como AGF) não cederiam ao impulso da música digital. As primeiras expressões artísticas de um percurso que conta mais de uma década de actividade como Laub, já mostravam apetites pelo experimentalismo em volta de entrechos electrónicos. Se, nos discos anteriores, o minimalismo (ou austeridade) estrutural das composições desvendava afinidades com a pop electrónica, sobretudo na forma como a voz convertia as peças a convenções não percebidas na porção orgânica, este Deinetwegen evidencia uma depuração diferente. Sem recorrer a samples, o duo germânico propõe-nos uma desconstrução da estética blues. A adição de inúmeros apontamentos de guitarra - como se imporia em qualquer trabalho gravitando nessa órbita - não só acrescenta afectividade às texturas como, acima disso, desvia os exercícios vocais de Greie-Fuchs do torpor do costume, levando-a para um registo mais emotivo (escute-se, a título de exemplo, a sublime "Sommer 2006"). Não sendo os blues, pelo seu poroso espiritualismo, a mais natural fonte de sinergias com os tecidos frios da dupla alemã, a verdade é que a combinação se revela, a espaços, uma surpresa aprazível e, a despeito de uma outra peça desfocada, vale a pena espreitar.
Posto de escuta Sítio Oficial de Deinetwegen
Sem comentários:
Enviar um comentário