quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Night of the Brain - Wear This World Out

6/10
Station 55
Flur
2007


O chileno Cristian Vogel tem carreira feita no universo das experiências electrónicas, seja a nome próprio - foi assim que assinou as obras mais relevantes de um percurso com uma década e meia (como, a título de exemplo, Specific Momentific (1996), documento essencial das descendências de Brian Eno) - ou em parceria com Jamie Lidell no extinto projecto Super_Collider. Tendo em conta esse passado, o conceito Night of the Brain, com claríssima vocação rock (pelo menos na definição da era embrionária dos Sonic Youth), é uma transição surpreendente. Não sendo caso único neste ano - Harvey Basset, outro nome da música "de dança", já nos mostrara, num formato distinto, idêntica predisposição nos planos de Map of Africa - nem se tratando necessariamente da desistência de Vogel da identidade musical que edificou (está previsto um novo opus a solo para o final do ano), Wear This World Out é, sobretudo, a resposta natural a uma mente inquieta que, pontualmente, renova excitações noutros sabores musicais, bem distantes do techno cristalizado.

Para concretizar esse desvio, Vogel (aqui nas incumbências de guitarrista/vocalista) mudou-se para Barcelona e reuniu um quarteto prometedor de músicos: a navarra Merche Blasco, a Burbuja emergente de Espanha, mexe electrónicas e dá voz; Cristobal Massis, académico chileno do jazz empresta percussões; Mike Hermann, figura destacada do underground digital berlinense (sob o cognome Intercooler), é o baixo. Musicalmente vacilantes entre o romantismo despojado e o paranóico exercício de misantropia, as composições assentam em estruturas simples, com algumas variações rítmicas e heterogeneidade própria da interferência de músicos com "escolas" díspares. Ainda assim, a despeito das aptidões que a mescla demonstra em alguns instantes mais soltos do disco (como na quase-progressiva "Ghosts"), grande parte do alinhamento perde verosimilhança enquanto aplicação rock, em razão da indeterminação estética do disco e, acima disso, da conotação com fraseados melódicos e texturas mais próprias da música electrónica (como na curiosa "Connecting Changes" ou, ainda mais, no trip-hop de "Winter Wine").

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