Genuínos herdeiros da mais fina tradição do pop-rock britânico, os galeses Super Furry Animals chegam ao oitavo capítulo do seu percurso discográfico com as certezas de uma linguagem respeitada. Acatando os ensinamentos da britpop (especialmente as reminiscências sessentistas dos Beatles) e, sobretudo, não temendo expor a veia "clássica" e generalista do rock ligeiro à sua feição mais esquizofrénica, Gruff Rhys e seus pares construíram uma identidade sonora com alguma sofisticação, uma escrita cuidada e uma capacidade natural para a reinvenção a cada trecho. Não surpreende, portanto, que este Hey Venus! - alegadamente o relato musicado das sortes de uma moça em transição de uma pequena comunidade para uma grande urbe - traga a mesmíssima atitude a que eles nos habituaram, investigando os extremos formais da canção pop mais simples. E, nesse particular, onde outros resvalam para o cliché e, consequentemente, se deixam tomar por fórmulas previsíveis, a experiência dos Super Furry Animals revela-se inesperadamente profícua na simplicidade, sugerindo um espectro pop bem mais lato do que teoricamente se preveria possível. E isso é conseguido à custa dos ingredientes costumeiros do quinteto galês (ou, por extensão, do par de registos a solo de Gruff Rhys) e, ainda que em Hey Venus! eles soem menos fantasistas do que noutros momentos, há aqui argumentos estranhamente dançáveis e de apego imediato que, mesmo que não persuadam os menos partidários da pop ou aqueles que vêm à procura de revoluções no ideário, seguramente funcionam como tese de validação do méritos possíveis do género. E, pela mão dos Super Furry Animals, a pop nunca é púbere e/ou descartável.
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