segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Prinzhorn Dance School - Prinzhorn Dance School




Dois pormenores podem acelerar conclusões precipitadas sobre este disco. O primeiro deles, e mais imediato, está no nome do par britânico feito por Tobin Prinz e Suzi Horn. De gente (e música) depositada sob o nome de "escola de dança" seria natural esperar-se um trabalho de cariz dançável e não é isso, nem por sombras, aquilo que eles se propõem fazer. A segunda particularidade que nos remeteria, ao engano, para o âmbito da música "dançável" (ainda que nas vertentes experimentalistas, e não necessariamente electrónicas na essência, que convivem de perto com outras estirpes de som), é o facto de eles serem apadrinhados pela DFA que, como sabe quem segue de perto o fenómeno musical, é o quintal editorial de James Murphy. Nesse aspecto, de resto, o conceito Prinzhorn Dance School não encontra paralelo no catálogo do selo nova-iorquino. O contraste nota-se especialmente no minimalismo estrutural da música assinada por Prinz e Horn (por oposição ao colorido orgânico de uns Black Dice ou Rapture), ao jeito de uma versão ainda mais esqueletal e despojada dos The Kills. A fórmula não é propriamente original - fraseados repetitivos e não muito elaborados de guitarra/baixo e pontuação tosca mas firme da bateria - e, a despeito de ser executada com uma dose de credulidade que suscita entusiasmos nas primeiras audições do disco, acaba por enredar as composições num irónico espartilho. Aquilo que supostamente deveria funcionar como a força motriz das peças, o seu hiperbólico minimalismo, torna-se, afinal, na mais ingénua castração das suas potencialidades.

E o disco segue assim: as vozes debitam algumas banalidades num registo próximo do spoken word protestante, incapazes de descolarem de um monocordismo alarmante; a bateria cinge-se a fazer uma escolta meramente metronómica das insinuações melódicas da guitarra, sem rasgos de exaltação; o baixo e a guitarra (mais casual) são o acontecimento relevante de Prinzhorn Dance School, especialmente o baixo de Horn, a dar o tom e a dirigir as composições para a ordenação melódica que, infelizmente, não chegam a ter. Fazem lembrar os Young Marble Giants e têm a atitude do início de carreira dos The Fall - e isso será suficiente para apaixonarem muitos e afastarem outros tantos - mas talvez lhes falte trocar a presunção minimalista por uma orgânica mais preenchida para elevarem os seus (bons) expedientes e atitude a um estrato mais consentâneo com os méritos que neles se adivinham. E a plenitude potencial destas canções é espreitada apenas de soslaio.

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