Foi precisamente há dois anos que, sem grande aparato mediático e com a edição de um álbum (o premiado Miniatures) verdadeiramente definidor de uma linguagem musical singular, Esper Sommer Eide e Dad-Are Haughan saltaram do anonimato dos cenários frios da Noruega. Nesse disco, o terceiro do percurso sob a designação Alog, apresentaram as premissas de uma forma curiosa de pensar a música electrónica, sem amarras estéticas e, acima de tudo, ensaiando a dinâmica de um exercício improvisado sob mosaicos de sonho de criança. Ao lado das mais variadas infusões de sons pouco "musicais", surgiam arquitecturas digitais de excelente efeito e elementos acústicos sem objectivos perfeccionistas. A combinação é retomada neste Amateur, onde se sublinha a natureza "amadora" do universo Alog, pelo menos no carácter amorfo (desprovido de forma) e quase tosco com que se juntam as variadíssimas fontes de som, muitas vezes com sabores de improviso (como no delírio de percussão de "A Throne For the Common Man") ou, noutros casos, pejadas de assimetrias melódicas. As vozes, raras mas quase sempre em corais pastoris, têm o condão de dimensionar a música para uma quimera incerta, suportada, de resto, por intervenções mais pontuais da electrónica (por comparação com trabalhos prévios). No fundo, Amateur, sendo um exercício mais especulativo - e menos melódico - do que o antecessor, é, também, mais um capricho de ingénua (porque exploratória) composição electro-acústica do que propriamente uma obra digital ultimada (aqui, a electrónica é ferramenta de filtro para os sons originais, não é matéria de base) e, nesse aspecto, destaca-se da restante obra do catálogo Alog. E, como é habitual nos discos de Eide & Haughan, partilham o mesmo alinhamento instantes de pura magia experimentalista ("Son of King" ou "The Future of Norwegian Wood" são dois bons exemplos) com despautérios despropositados (veja-se o quase-silêncio de "Sleeping Instruments). Sinais de inconsistência que, mesmo penalizando o desempenho do álbum como peça inteira, não deslustram a marca diferencial do universo Alog.
domingo, 5 de agosto de 2007
Alog - Amateur
Foi precisamente há dois anos que, sem grande aparato mediático e com a edição de um álbum (o premiado Miniatures) verdadeiramente definidor de uma linguagem musical singular, Esper Sommer Eide e Dad-Are Haughan saltaram do anonimato dos cenários frios da Noruega. Nesse disco, o terceiro do percurso sob a designação Alog, apresentaram as premissas de uma forma curiosa de pensar a música electrónica, sem amarras estéticas e, acima de tudo, ensaiando a dinâmica de um exercício improvisado sob mosaicos de sonho de criança. Ao lado das mais variadas infusões de sons pouco "musicais", surgiam arquitecturas digitais de excelente efeito e elementos acústicos sem objectivos perfeccionistas. A combinação é retomada neste Amateur, onde se sublinha a natureza "amadora" do universo Alog, pelo menos no carácter amorfo (desprovido de forma) e quase tosco com que se juntam as variadíssimas fontes de som, muitas vezes com sabores de improviso (como no delírio de percussão de "A Throne For the Common Man") ou, noutros casos, pejadas de assimetrias melódicas. As vozes, raras mas quase sempre em corais pastoris, têm o condão de dimensionar a música para uma quimera incerta, suportada, de resto, por intervenções mais pontuais da electrónica (por comparação com trabalhos prévios). No fundo, Amateur, sendo um exercício mais especulativo - e menos melódico - do que o antecessor, é, também, mais um capricho de ingénua (porque exploratória) composição electro-acústica do que propriamente uma obra digital ultimada (aqui, a electrónica é ferramenta de filtro para os sons originais, não é matéria de base) e, nesse aspecto, destaca-se da restante obra do catálogo Alog. E, como é habitual nos discos de Eide & Haughan, partilham o mesmo alinhamento instantes de pura magia experimentalista ("Son of King" ou "The Future of Norwegian Wood" são dois bons exemplos) com despautérios despropositados (veja-se o quase-silêncio de "Sleeping Instruments). Sinais de inconsistência que, mesmo penalizando o desempenho do álbum como peça inteira, não deslustram a marca diferencial do universo Alog.
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