A junção de Peter Rehberg (aka Pita), artífice da electrónica extremista, ao cada vez mais influente mestre do doom Steven O'Malley (dos Sunn O))) e Khanate) não era coisa para assentar nas conjecturas mais imediatas da comunidade melómana. Contudo, apesar das evidentes distâncias entre os estratos noise doom cultivados por ambos, há em KTL uma estranha simetria de princípios: de um lado, os enunciados de electrónica aguda e de baixa frequência de Rehberg, de decibel pungente e penetrante; do outro, os fraseados estridentes da guitarra de O'Malley, ora colados ao registo drone típico do músico, ora diluídos em inscrições mais pontuais e elásticas, sem prejuízo do peso dramático e dos tons lancinantes. Um nadinha mais próximo da órbita de corrosão lenta de O'Malley, é todavia, reconhecível, em KTL, o experimentalismo digital do seu parceiro austríaco, matéria essa que sugere outros ângulos às tendências monocórdicas da guitarra, somando-lhe quebras e indecisões. Estruturalmente impressivo, este tomo testa caminhos diferentes para o doom e, nesse sentido é, mais do que uma colaboração esporádica entre dois músicos relevantes, uma escuta recomendada para vanguardistas e adeptos de produtos musicais híbridos.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2007
KTL - KTL
A junção de Peter Rehberg (aka Pita), artífice da electrónica extremista, ao cada vez mais influente mestre do doom Steven O'Malley (dos Sunn O))) e Khanate) não era coisa para assentar nas conjecturas mais imediatas da comunidade melómana. Contudo, apesar das evidentes distâncias entre os estratos noise doom cultivados por ambos, há em KTL uma estranha simetria de princípios: de um lado, os enunciados de electrónica aguda e de baixa frequência de Rehberg, de decibel pungente e penetrante; do outro, os fraseados estridentes da guitarra de O'Malley, ora colados ao registo drone típico do músico, ora diluídos em inscrições mais pontuais e elásticas, sem prejuízo do peso dramático e dos tons lancinantes. Um nadinha mais próximo da órbita de corrosão lenta de O'Malley, é todavia, reconhecível, em KTL, o experimentalismo digital do seu parceiro austríaco, matéria essa que sugere outros ângulos às tendências monocórdicas da guitarra, somando-lhe quebras e indecisões. Estruturalmente impressivo, este tomo testa caminhos diferentes para o doom e, nesse sentido é, mais do que uma colaboração esporádica entre dois músicos relevantes, uma escuta recomendada para vanguardistas e adeptos de produtos musicais híbridos.
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