O debute em disco da dupla Alex Scally (guitarrista) e Victoria Legrand (organista e voz) é, acima de tudo, um desafio esotérico. A guitarra volante leva-nos a um universo de ficções e assombros precários, de pulso errante e formas vagas, ao jeito dos mais primários assomos de exaltação do incorpóreo. Depois, a voz e o orgão alinham-se na mesma órbita, divagantes e numa (metafórica) languidez que, se a mais não serve, reforça a feição nostálgica de valsas subliminarmente barrocas (no estilo e no modelo) a que apenas se contrapõe o relativo formulismo, coisa penalizadora da experiência de escutar o disco de uma ponta à outra. Esquecido esse detalhe (importante), ainda assim se descobrem afeições com Beach House, mormente no mágico escapismo das flutuações melódicas vocais de Legrand, afinal o activo maior do álbum, e na cativante letargia de uma pop pouco assumida e que se alimenta da modéstia instrumental e da alvura. Quietude e sonho de mãos dadas, num disco místico e que, a despeito da importunidade de uma certa constância formal, consegue dar-nos um ou outro instante de aprazimento. Esperam-se novos capítulos da dupla de Baltimore.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2007
Beach House - Beach House
O debute em disco da dupla Alex Scally (guitarrista) e Victoria Legrand (organista e voz) é, acima de tudo, um desafio esotérico. A guitarra volante leva-nos a um universo de ficções e assombros precários, de pulso errante e formas vagas, ao jeito dos mais primários assomos de exaltação do incorpóreo. Depois, a voz e o orgão alinham-se na mesma órbita, divagantes e numa (metafórica) languidez que, se a mais não serve, reforça a feição nostálgica de valsas subliminarmente barrocas (no estilo e no modelo) a que apenas se contrapõe o relativo formulismo, coisa penalizadora da experiência de escutar o disco de uma ponta à outra. Esquecido esse detalhe (importante), ainda assim se descobrem afeições com Beach House, mormente no mágico escapismo das flutuações melódicas vocais de Legrand, afinal o activo maior do álbum, e na cativante letargia de uma pop pouco assumida e que se alimenta da modéstia instrumental e da alvura. Quietude e sonho de mãos dadas, num disco místico e que, a despeito da importunidade de uma certa constância formal, consegue dar-nos um ou outro instante de aprazimento. Esperam-se novos capítulos da dupla de Baltimore.
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