Os Califone são um dos mais suculentos paradoxos da moderna música americana. Devotos sem beatice da música isenta de regras, o coleccionismo de sons é o seu sustento, ao jeito de uma imprevisível (e anacrónica) parafernália de coordenadas, bem além da esperada filiação aos mais autóctones sons. À falta de melhor definição, dir-se-ia que Roots & Crowns propõe um refinamento das demarcações da folk nativa americana, oferecendo-lhe nacos de audácia experimentalista, o alarde de ruídos acidentais e a esporádica veste da electrónica. Da mescla, sempre adornada com detalhes instrumentais preciosos (pianos, samples, marimbas e cordas), flui uma massa sonora de contrastes, entre a simplicidade e o dédalo, o revivalismo e a mira no amanhã, a transparência e a turvação. Acima disso, Roots & Crowns é música para nos determos a degustar (dá para não parar "A Chinese Actor"?) e, com isso, descobrir a muito consistente maturação estética de um dos mais subestimados colectivos do cardápio da folk moderna. Tão temerária quanto a folk pode ser. Ou, dito doutra forma, Roots & Crowns, mesmo com o pecadilho mínimo de uma certa discórdia estrutural entre algumas faixas, é música folk para quem não vai muito à bola com o género.
terça-feira, 9 de janeiro de 2007
Califone - Roots & Crowns
Os Califone são um dos mais suculentos paradoxos da moderna música americana. Devotos sem beatice da música isenta de regras, o coleccionismo de sons é o seu sustento, ao jeito de uma imprevisível (e anacrónica) parafernália de coordenadas, bem além da esperada filiação aos mais autóctones sons. À falta de melhor definição, dir-se-ia que Roots & Crowns propõe um refinamento das demarcações da folk nativa americana, oferecendo-lhe nacos de audácia experimentalista, o alarde de ruídos acidentais e a esporádica veste da electrónica. Da mescla, sempre adornada com detalhes instrumentais preciosos (pianos, samples, marimbas e cordas), flui uma massa sonora de contrastes, entre a simplicidade e o dédalo, o revivalismo e a mira no amanhã, a transparência e a turvação. Acima disso, Roots & Crowns é música para nos determos a degustar (dá para não parar "A Chinese Actor"?) e, com isso, descobrir a muito consistente maturação estética de um dos mais subestimados colectivos do cardápio da folk moderna. Tão temerária quanto a folk pode ser. Ou, dito doutra forma, Roots & Crowns, mesmo com o pecadilho mínimo de uma certa discórdia estrutural entre algumas faixas, é música folk para quem não vai muito à bola com o género.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário