quinta-feira, 26 de julho de 2007

Pelican - City of Echoes

5/10
Hydra Head
2007
www.pelicansong.com



O terceiro registo do quarteto Pelican é demonstrativo do apuramento incerto que a música destes californianos vem registando desde o debute discográfico de há quatro anos, com o pesado Australasia. Já aí a comunidade melómana vira neles o rótulo art-metal, pela mescla instrumental de riffs importados do género doom com uma propensão melódica próxima do escapismo pós-rock ou das escalas progressivas. Essa mistura, as mais das vezes trazida à colação no registo de contrastes ou na lógica de crescendos demorados que celebrizou os compatriotas Isis (no caso dos Pelican sem a voz, é claro), seria retomada no segundo opus do grupo, The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw, com a novidade da introdução pontual da guitarra acústica. Notoriamente menos grave do ponto de vista das distorções, ainda que sob a mesmíssima moldura conceptual, o álbum destapava o desejo do quarteto de buscar outra amplitude cénica (e espessura artística) para a sua música, sem minorar a vocação metal que lhe corre nas veias e, sobretudo, apelando à transcendência intimista. City of Echoes mostra-nos outra face desse polimorfismo gradual dos Pelican. Não se trata propriamente de qualquer corte radical com o passado mas o novo registo mostra-nos música enredada nas contingências próprias de outras incertezas estéticas, algures no gume entre o metal rústico (embora, aqui, ele raramente se revele na plena expressão) e a libertação espiritual das texturas pós-rock. Na tentativa de tornar essa "evolução" menos errante (e, talvez, menos metal...), a opção pela redução do tempo médio dos trechos parece natural mas, não obstante a utilidade, a espaços, de alguma subtileza, não deixa de dissipar-se parte significativa do alcance das composições.

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