Apesar de alguns dos seus heterónimos gozarem de um certo impacto mediático (o conceito techno minimalista Audion é a sua manifestação mais conhecida) nas esferas da música electrónica "dançável", é com o próprio nome que Matthew Dear tem assinado as propostas mais consistentes (e quiçá mais "convencionais") de um percurso essencialmente dedicado à investigação das potencialidades criativas da música de orgânica digital. Este álbum, como de resto já antecipara o registo anterior com esta assinatura, desvenda uma propensão pop que não tem paralelo nos demais alter-egos artísticos de Dear e que, ainda que ancorada nos mesmos princípios orgânicos, assenta num registo mais lacónico, ao jeito do formato canção (por oposição às fórmulas habitualmente estendíveis da cartilha techno), com o necessário investimento na voz. Se bem que esse propósito mais imediatista desbrave outras faces do ideário do músico/produtor, mormente enquanto belíssimo exercício especulativo de depuração dos conceitos techno rumo a uma coisa maior (quando se chega ao final de Asa Breed já só restam sombras abstractas desse ponto de arranque), há também, no reverso, uma subliminar constrição do alcance cerebral da música de Dear. Mas, afinal, aqui não joga a identidade Audion. O que, em face dos sólidos atributos destas canções, só vai desiludir aqueles que, sendo admiradores do discurso minimalista de outros trabalhos, talvez não encontrem aqui o desafio do costume. Os outros facilmente se renderão a uma escrita que, não patenteando certezas estéticas, é um deleite urdido em volta das dúvidas.
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Matthew Dear - Asa Breed
Apesar de alguns dos seus heterónimos gozarem de um certo impacto mediático (o conceito techno minimalista Audion é a sua manifestação mais conhecida) nas esferas da música electrónica "dançável", é com o próprio nome que Matthew Dear tem assinado as propostas mais consistentes (e quiçá mais "convencionais") de um percurso essencialmente dedicado à investigação das potencialidades criativas da música de orgânica digital. Este álbum, como de resto já antecipara o registo anterior com esta assinatura, desvenda uma propensão pop que não tem paralelo nos demais alter-egos artísticos de Dear e que, ainda que ancorada nos mesmos princípios orgânicos, assenta num registo mais lacónico, ao jeito do formato canção (por oposição às fórmulas habitualmente estendíveis da cartilha techno), com o necessário investimento na voz. Se bem que esse propósito mais imediatista desbrave outras faces do ideário do músico/produtor, mormente enquanto belíssimo exercício especulativo de depuração dos conceitos techno rumo a uma coisa maior (quando se chega ao final de Asa Breed já só restam sombras abstractas desse ponto de arranque), há também, no reverso, uma subliminar constrição do alcance cerebral da música de Dear. Mas, afinal, aqui não joga a identidade Audion. O que, em face dos sólidos atributos destas canções, só vai desiludir aqueles que, sendo admiradores do discurso minimalista de outros trabalhos, talvez não encontrem aqui o desafio do costume. Os outros facilmente se renderão a uma escrita que, não patenteando certezas estéticas, é um deleite urdido em volta das dúvidas.
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