Ao escutar as primeiras notas do álbum de estreia do duo parisiense Justice, depressa se percebe ao que eles vêm. Xavier de Rosnay e Gaspard Augé são a nova sensação do agitado universo de música de dança no seu país, muito por culpa do furor que inesperadamente rodeou o mp3 e o vídeo de "D.A.N.C.E.", antecipadamente "descobertos" por vários utilizadores da blogosfera. Não é que a dupla francesa fosse propriamente desconhecida - eles haviam protagonizado alguns remixes mais ou menos conhecidos junto dos públicos europeus - mas seria esse alvoroço cibernético a aguçar a curiosidade da falange crescente de fãs sobre o esperado debute discográfico. Pois bem, ele está aí e mostra uma interessantíssima deriva disco, não tanto no jeito "conformista" celebrizado pelos conterrâneos Daft Punk - que, afinal, recolocaram o disco sound no mapa (se é que ele alguma vez tinha saído de lá...) - mas com um fôlego declaradamente mais ruidoso e rebelde (punk?). As linhas de baixo são, como se impõe a discípulos da disco, uma substância incontornável, cuidadosamente trabalhada e transversal a um alinhamento que demonstra uma saudável alternância rítmica, sempre subjacente a um certo psicadelismo funk e onde as vozes (muitas vezes escondidas atrás de vocoders) se inscrevem sem defeitos. É, de resto, aí que † se distingue, na singular noção de equilíbrio da mistura e, sobretudo, na precisão com que, partindo de referências históricas indisfarçáveis, constrói uma vibrante escultura de sons que, não sendo substancialmente inovadora, consegue o singular fito de nos lembrar que, também nos armários da música de dança, podem existir esqueletos do rock. Ou não estivesse † contaminado pela admiração de Gaspard Augé pelos Metallica.
sábado, 7 de julho de 2007
Justice - †
Ao escutar as primeiras notas do álbum de estreia do duo parisiense Justice, depressa se percebe ao que eles vêm. Xavier de Rosnay e Gaspard Augé são a nova sensação do agitado universo de música de dança no seu país, muito por culpa do furor que inesperadamente rodeou o mp3 e o vídeo de "D.A.N.C.E.", antecipadamente "descobertos" por vários utilizadores da blogosfera. Não é que a dupla francesa fosse propriamente desconhecida - eles haviam protagonizado alguns remixes mais ou menos conhecidos junto dos públicos europeus - mas seria esse alvoroço cibernético a aguçar a curiosidade da falange crescente de fãs sobre o esperado debute discográfico. Pois bem, ele está aí e mostra uma interessantíssima deriva disco, não tanto no jeito "conformista" celebrizado pelos conterrâneos Daft Punk - que, afinal, recolocaram o disco sound no mapa (se é que ele alguma vez tinha saído de lá...) - mas com um fôlego declaradamente mais ruidoso e rebelde (punk?). As linhas de baixo são, como se impõe a discípulos da disco, uma substância incontornável, cuidadosamente trabalhada e transversal a um alinhamento que demonstra uma saudável alternância rítmica, sempre subjacente a um certo psicadelismo funk e onde as vozes (muitas vezes escondidas atrás de vocoders) se inscrevem sem defeitos. É, de resto, aí que † se distingue, na singular noção de equilíbrio da mistura e, sobretudo, na precisão com que, partindo de referências históricas indisfarçáveis, constrói uma vibrante escultura de sons que, não sendo substancialmente inovadora, consegue o singular fito de nos lembrar que, também nos armários da música de dança, podem existir esqueletos do rock. Ou não estivesse † contaminado pela admiração de Gaspard Augé pelos Metallica.
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