segunda-feira, 16 de julho de 2007

Dungen - Tio Bitar

7/10
Subliminal Records
2007
www.dungen-music.com



Interessado pela música tradicional do seu país desde tenra idade, o sueco Gustav Ejstes (é ele o mentor por detrás do pseudónimo Dungen), foi gradualmente cultivando uma estética sonora que, além de integrar substâncias conotadas com a folk escandinava (os instrumentos de sopro ou os violinos - a mais recente adição de Ejstes - são exemplo disso), encerra estruturas e harmonias importadas do rock progressivo "clássico" (nesse particular, as composições fazem lembrar, a espaços e com a devida distância, os Jethro Tull) e breves incursões pelo hard rock mais eléctrico. Atrás disso, para somar a dose certa de contemporaneidade (ou, se pensarmos em Zappa ou Captain Beefheart como luminárias de eleição, podemos falar em antologia) e, em simultâneo, dar às texturas formas livres, ao jeito de uma incansável jam session, Ejstes tornou-se um esteta admirador do psicadelismo - escutem-se as interacções modelares da vibrante "Mon Amour". Neste quarto opus, a proposta não difere substancialmente dos trabalhos prévios, especialmente do notável Ta Det Lugnt, de 2004, embora se desvende, com a irrepreensível competência técnica do costume (e o delírio hendrixiano da guitarra de Reine Fiske), uma proximidade maior com as convenções do cancioneiro pop. Essa ligeiríssima (mas notória) derivação estrutural, se bem que não comprometa as habituais convulsões métricas e os arranjos progressivos dos trechos, acaba por abrir fendas no mágico hermetismo do som Dungen. Ou isso ou, como é igualmente plausível, já estamos familiarizados com esta música e se sumiu a impressão de novidade que, antes, nos tomara de surpresa. O que não quer dizer que não haja neste Tio Bitar matéria mais do que suficiente para tratar com reverência. O acid rock está vivo.

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